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Poesias-->A morte de uma mata -- 27/08/2002 - 19:33 (Airam Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A morte de uma mata



Água Preta era o nome de Itanhém antigamente.



Oh! Água Preta potável

Porque acabastes assim,

Destruíram tuas matas

Teus riachos, tudo em fim.

Tantas flores esmagadas

Para dar lugar ao capim.



Indo para o Melamargo

Subindo a ladeira do bucho,

Via muitos pássaros cantando

Cantigas que eram um luxo,

Sem saber que na verdade

Todos cairiam no cartucho.



E chegando naquela lagoa

Que chamamos de jacaré,

Onde nas margens eu sentava

E refrescava os meus pés,

E em suas águas cristalinas

Observava os berés.



Água Preta de águas cristalinas

Com tuas matas frondosas e belas,

Mostra-me tua sucupira e pequizeiro

Teu pau d’arco de copas amarelas,

Onde as abelhas sugavam o pólen

Nas flores bonitas singelas.



Tuas madeiras derrubadas

Que gastou tempo prá vingar,

Onde anda o teu cedro?

Cadê o teu jacarandá?

Os invasores destruíram

O que não era prá matar.



Em teus ypês teu pau terra

Onde João de Barro fazia morada,

E em suas copas frondosas

Os sabiás faziam toadas,

E nos angilins de tuas matas

As arapongas faziam pousadas.



Lembro-me ainda tristonho

Debaixo do pé do ingazeiro,

E nada podia fazer Água Preta

Das quedas dos pequizeiros,

Olhavas triste e calada

O gemer de um foieiro.



Já dizia um violeiro

“o que corta em segundos gasta tempo prá

vingar,”

É triste ver sem fazer nada

A queda de um jatobá,

Inda mais levando consigo

Um ninho de sabiá.



Sai-me uma lágrima dos olhos

Só de pensar em lembrar,

Que daqui se foi um dia

Prá não mais poder voltar,

Daquelas baraúnas e perobas

De oruvaieira, dum jiquitibá.



De uma sucupira, dum pau ferro

De um margoso e de um oití,

De uma jaboticabeira nativa

Que tinha aqui e alí,

De um pau d”alho, dum cupan

De uma pitomba e de um bacupari.



E em uma tarde chuvosa

Em dias de trovoadas,

Vi um pau brasil tombado

Numa mata já acabada,

E da seiva que dele saia

Parece até que chorava.



Nos anais de sua história

Relembrando o que ocorreu,

Vi um bando de periquitos

Procurando os ninhos seus,

Nas galhas da mirueira

Que com o tapicuru morreu.



Nas queimadas de tuas matas

Passou pôr alí a maldade,

Foi-se embora o pau sangue

Bastião vermelho que saudade!

Que nasceu numa mata atlântica

O pulmão de uma cidade.



Com toda essa derrubada

Com tanta devastação,

Onde encontrará os poetas

Matérias pra rimação,

Se todos os pássaros desta mata

Estão fazendo arribação.



Em capim não se vê sombra

Nem os pássaros fazem ninhos,

Onde pousará a coruja

Que será dos passarinhos,

Se os predadores rasteiros

Comerão os seus filhinhos.



Não voltará a ser como antes

Mas ameniza um pouco mais,

Vamos plantar muitas árvores

E respeitar os animais,

E dizer pra nossos filhos

Não derrube uma árvore, jamais.



De: Airam Ribeiro - Itanhém-Ba-

23/04/97.



Este poema foi vencedor do Concurso sobre o meio ambiente,

Promovido pela Associação de Meio Ambiente de Itanhém, em

1999.





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