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Contos-->O grande ralo de Apérviles -- 07/08/2002 - 21:46 (Evandro Carvalho da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A galeria de águas pluviais veio para socorrer as populações ribeirinhas da recôndita Rio dos Véus. Há muitos anos uma meretriz de uma volúpia incontestável e fogosa como só, tinha vergonha de mostrar seu rosto angelical. Ganhou o apelido de Véusinha, a Danada, e desde então o lugar ganhou este nome devido a um cachaceiro, que sabe-se lá porque, ligou o codinome da moça ao ribeirão que banhava a diminuta província. Outra característica herdada da “donzela” pelo lugar, além do nome, é a notável preocupação de seus habitantes de não aparecer. Vivem dizendo uns para os outros: “Essa coisa de ´meter o pau´ não é bom. Para que brigar? Vamos viver em paz, em harmonia, unir forças, apresentar soluções, viver descaradamente numa hiprocrisia legal.” E assim Rio dos Véus atravessou os tempos com seu povo usando um véu no rosto. Até aparecer a tal da galeria de águas pluviais.
Trata-se de uma obra descomunal, incomensurável e de incalculável valor. Os corneteiros da oposição, homens maus que só pensam em ‘meter o pau’, dizem que a empreita fará escoar o Atlântico para a bacia de Rio dos Véus. Apérviles, o Bonzinho, governador do lugar, diz que Rio dos Véus será um parque industrial aquático, até fábrica de água terá, e comenta feliz pelas ruas, meio que alucinado: “Eu vi um fusquinha dentro da galeria!”. A tal galeria terá ventiladores, será redonda e poderá abrigar os Jogos Internacionais de Trolinho nos períodos de estiagem, caso, evidentemente, o Índico e o Pacífico não escoem para o grande ralo de Apérviles. Outra grande virtude da galeria será a incidência do IEER (Imposto Especial sobre Esgoto Especial). É claro que uma obra de descomunal envergadura servirá para servir àqueles que detestam servir. Quem tem esgoto simples, o de sangue vermelho, terá mesmo que se acostumar com as ruas enlameadas e àquele fedor tão comum nas tardes febris de verão. Claro, a não ser, que paguem pelo novo serviço. O grande ralo de Apérviles tem até propaganda, “Os oceanos se curvaram para a grande Galeria, curve-se você também!”.
O IEER servirá, de acordo com Vozéculum Fatalício – braço direito de Apérviles, para acumular divisas no intuito de construir um grande depósito que abrigará colchonetes das mais variadas cores. Será outra obra que fará Rio dos Véus um lugar universalmente conhecido. “Abrigar colchonetes é abrigar o conforto de quem um dia dormirá na calçada. Estamos preparados”, diz Vozéculum. Apérviles é um homem preparado e bonzinho e se parece muito com Véuzinha, a Danada, num quesito: adora doar. Diz que lutará pelo abrigo alheio, que os colchonetes muiticoloridos servirão para os novos abrigados, que vai lotear a lua, a selva de Bornéo e a taiga de Tunguska.
Apérviles só tem uma mágoa na vida. Brigou com São Pedro vorazmente em sua última visita diplomática à nação celestial. Ameaçou São Pedro de tal forma que a terra estremeceu: “Netuno vai de pegar. Terei fábrica de água e uma grande galeria, maldito, fará tuas águas secarem. Espere é verá. Há Há Há Há Há Há!”. Mas São Pedro, muito bem relacionado, não perdeu tempo e sua influência sobre Deus, convenceu o pai celestial para que os empresários Mieng abrissem uma fábrica de guarda-chuvas em Rio dos Véus.
Rio dos Véus viveu sob os guarda-chuvas dos Irmãos Mieng e sobre o grande ralo de Apérviles por muitos anos. Foram tempos difíceis e de atentados à bomba a tal galeria (autoria dos Mieng). Certa vez Apérviles, o Bonzinho (e de vez em quando autoritário...) mandou queimar todos os guarda-chuvas em praça pública. Quase entupiu a grande galeria com uma enxurrada. Em outra edição Apérviles, o Bonzinho, será condecorado na cidade grande.

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