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Artigos-->A China vai puxar o crescimento do Brasil? -- 27/05/2009 - 12:18 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Correio Braziliense - 27/5/2009



OPINIÃO



A China vai puxar o crescimento do Brasil?



Armando Castelar



Economista



Ao contrário das crises econômicas anteriores, cujo impacto se concentrou em um país ou região específica, a crise atual é efetivamente global, como nenhuma outra desde os anos 1930. Explicam esse fato ela ter seu epicentro nos países centrais, ter comprometido o funcionamento do sistema financeiro mundial e ter acontecido após grande aumento da integração econômica internacional. O caráter global da crise surge na sincronização das quedas do PIB e do fluxo de comércio exterior em todos os países nos dois últimos trimestres. Não surpreendentemente, também as respostas de política econômica em todo o mundo foram semelhantes, dando-se estímulos monetário e fiscal com poucos paralelos históricos em termos de intensidade.



No último ciclo de expansão global, a China se destacou com um crescimento especialmente elevado — alta de 11% ao ano do PIB entre 2003 e 2007 —, mas, como os demais integrantes do Bric (Brasil, Rússia e Índia), também desacelerou bastante na virada do ano. Já em 2009, a China se destaca entre os países emergentes pela intensidade da resposta de política econômica e, aparentemente, pela rapidez com que sua economia se recupera.



O governo reduziu rápida e significativamente as taxas de juros e adotou um pacote fiscal equivalente a 4,4% do PIB, entre aumento de gastos e isenções tributárias. Mas o principal estímulo veio da expansão do crédito, por meio dos bancos públicos, que dominam o sistema financeiro, com um total de novos empréstimos no primeiro trimestre quase igual ao observado em todo o ano de 2008.



Isso ajudou a estimular o consumo e, principalmente, a manter o ritmo forte de investimentos que caracterizou o país nas últimas décadas. Muito se questiona a qualidade desses empréstimos, pela rapidez da expansão e o entusiasmo no apoio a projetos governamentais, mas se concorda que os bancos têm fôlego para continuar nessa linha por algum tempo. Da mesma forma, há preocupações com a criação de capacidade ociosa e o efeito deflacionário que ela pode ter, mas essa também é vista como uma preocupação para depois.



A força da resposta do governo chinês e a percepção de que ele pode e vai aumentá-la, se necessário, fez ressurgir a tese do desacoplamento do país da economia mundial, para a qual o prognóstico é de uma recuperação lenta, abaixo do potencial de longo prazo, por ainda alguns anos. Irá a China conseguir isso e será ela capaz de carregar junto o Brasil?



Há um certo ceticismo sobre a sustentabilidade dessa recuperação chinesa sem uma retomada mais forte do crescimento global. As autoridades desse país enxergam os estímulos à demanda doméstica como uma política transitória e continuam apostando no modelo de crescimento via exportações como estratégia de longo prazo. Mas é difícil acreditar que o mundo volte a absorver os elevados superávits comerciais chineses, dada a necessidade das famílias americanas e de vários países europeus de reduzir seu endividamento, o que fará o consumo privado crescer menos que o PIB.



Mesmo se a China decidir mudar para um modelo mais calcado no consumo doméstico, isso levará anos para ser implementado. Não é trivial reorientar a produção do mercado externo para o doméstico. É preciso alterar a composição setorial da produção, o que demandará a substituição de equipamentos, o retreinamento dos trabalhadores e a constituição de novos canais de comercialização.



A China já é o principal destino das exportações brasileiras e os sinais de que ela deve crescer mais do que se projetava estimularam alguma recuperação no preço das commodities, o que nos beneficia. Mas há dois problemas em confiar nessa recuperação da demanda chinesa por commodities como promotora do nosso crescimento. Primeiro, não se sabe se ela se sustentará, pois parte dela se destina à formação de estoques, aproveitando os baixos preços atuais. Segundo, o Brasil é um país pouco integrado em termos de fluxo de comércio exterior, o que nos protegeu da crise, mas também impede que esse funcione como alavanca do crescimento.



O desempenho da economia brasileira vai depender mais da qualidade da política econômica e do mercado doméstico do que da China. Nossa boa reação à crise, a despeito da forte queda do PIB nos dois últimos trimestres, vai ajudar a promover uma redução sustentável da taxa de juros, com impactos positivos sobre as contas públicas e o investimento. Mas é fundamental também voltar a trabalhar na agenda de reformas micro para elevar o potencial de crescimento, especialmente em relação aos gargalos de infraestrutura e à educação básica.





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