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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->Madame Pessoa -- 22/05/2001 - 00:39 (Bruno Freitas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Sequência - 01
Interior do apartamento de manhã : int./dia

Off personagem principal (sob tela escura)
Cruz na porta da tabacaria! Quem morreu? O próprio Alves? Dou ao diabo o bem estar que trazia. Desde ontem a cidade mudou.

A imagem vai clareando de acordo com o nascer do dia. O personagem se levanta da cama e abre a janela. Após o ato de abrir as janelas, podemos ver melhor o personagem. Um homem de seus trinta anos, alto e esguio com um bigodinho ridículo, usando um pijama de flanela, seu quarto é repleto de papéis confinados em pastas de couro igualmente espalhadas pela escrivaninha. Em cima de uma poltrona, se encontra um terno previamente passado e engomado.
Off personagem principal
Toda manhã que raia, raia sempre no mesmo lugar. Não há manhãs sobre cidades, ou manhãs sobre o campo. À hora em que o dia raia, em que a luz estremece a erguer-se, todos os lugares são o mesmo lugar.

O personagem se fecha no banheiro, enquanto podemos invadir sua privacidade, investigando seus pertences. O barulho do chuveiro ligado é perfeitamente escutado pelo lado de fora. A casa é simples, por cima da mesa de centro na sala, encontramos fotos de familiares e do personagem em sua mesma cidade.
Off personagem principal
Hoje estou como se esse tivesse sido outro. Quem fui não me lembro, senão como uma história apensa. Quem serei não me interessa, como o futuro do mundo.

O personagem parece ser um funcionário público, que após ter trabalhado muito no dia anterior, teve que acordar, para sua próxima jornada. Após se vestir, ele se dirige à cozinha, sentando à mesa a fim de preparar seu desjejum.
Off personagem principal
Estou tonto, tonto de tanto dormir ou de tanto pensar, ou de ambas as coisas. O que sei é que estou tonto e não sei bem se me devo levantar da cadeira, ou como me levantar dela. Fiquemos nisto: estou tonto.


Sequência 02:
Através do metrô, pelas ruas: ext./dia

O personagem espera na estação de metro, sua condução. Até aparecer o trem que o levará a seu destino. Ele se posiciona dentro do trem, junto com uma multidão que tem o mesmo pensamento em mente. Todas as vozes se fundem como se fossem uma só.
Off vozes da multidão
Afinal, que vida eu fiz da vida? Nada. Tudo interstícios, tudo aproximações, tudo função do irregular e do absurdo, tudo nada.

Off personagem principal
É por isso que estou tonto...
Finalmente nosso personagem chega a seu destino, e vejo por necessidade nomeá-lo, a fim de um certo grau de intimidade e talvez quem sabe, de identificação. Podemos batiza-lo de Sr. Álvaro, sem razão alguma aparente, mas por ser um nome comum, se fosse o caso poderíamos o ter lhe nomeado de “Silva” ou “Souza”. Porém, não convém ficarmos discutindo sobre a identidade do Sr. Álvaro, já que o mesmo é uma pessoa sem identidade alguma, presa em sua própria rotina. Seguindo sua rotina diária, Sr. Álvaro olha para o imponente edifício em que está prestes a entrar.
Off Sr. Álvaro
Agora, todas as manhãs me levanto. Tonto...


Sequência 03:
O interior do edifício : int./dia

Sr. Álvaro agora se encontra no hall de seu escritório, ele cumprimenta seus colegas de serviço, e se dirige à sua mesa.
Off Sr. Álvaro
Sim, verdadeiramente tonto... Sem saber em mim e meu nome, sem saber onde estou, sem saber o que fui, sem saber nada.

Ele se senta à sua mesa para começar a trabalhar, porém seu trabalho monótono o seduz contra qualquer responsabilidade.
Off Sr. Álvaro
Mas se isto é assim, é assim. Deixo-me estar na cadeira, estou tonto. Bem, estou tonto. Fico sentado e tonto, sim, tonto, tonto...Tonto.


Sequência 04:
Interior do escritório : int./dia

Sr. Álvaro liga seu computador para dar início a mais uma jornada de trabalho. O tédio de seus olhos demonstram uma profunda tristeza enlouquecedora.
Off Sr. Álvaro
Meu coração é um almirante louco que abandonou a profissão do mar e que vai relembrando pouco a pouco em casa a passear, a passear...

Ele arremessa seu campo de visão para longe de sua mesa e observa seus companheiros de clausura, andarem como baratas tontas. Pode-se observar que um vazio se faz em seus olhos.
Off Sr. Álvaro
No movimento (eu mesmo me desloco nesta cadeira só de o imaginar) o mar abandonado fica em foco nos músculos cansados de parar.

De fato, em seus olhos se faz um vazio, onde seus colegas de trabalho continuam em movimento.
Off Sr. Álvaro
Há saudades nas pernas e nos braços. Há saudades no cérebro por fora. Há grandes raivas feitas de cansaço.

O tempo vai passando, enquanto Sr. Álvaro se encontra sentado em sua cadeira.
Off Sr. Álvaro
O que há em mim é sobretudo cansaço - Nada disto nem daquilo, nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo. Cansaço.


Sequência 05:
Os corredores dos escritórios : int./dia

Sr. Álvaro se aventura pelos corredores burocráticos no interior do edifício. Ele cruza com inúmeros grupos de pessoas partindo de algum lugar incerto para outro mais remoto ainda. Todos se mostram bastante ocupados, sempre resmungando algo, munidos de uma pasta semelhante à encontrada nas mãos de Sr. Álvaro. Todas as pastas, contendo papéis que poderiam igualmente semelhantes aos papéis carregador pelo Sr. Álvaro.
Off Sr. Álvaro
Na véspera de não partir nunca, ao menos não há que arrumar as malas. Nem fazer planos no papel, com acompanhamento involuntário de esquecimentos, para o partir ainda livre do dia seguinte. Não há que fazer nada, na véspera de não partir nunca.

Sr. Álvaro continua sua procissão pelos corredores do edifício no sentido vertical. O elevador se abre, todos se precipitam para dentro, pessoas por ele desconhecidas a tal ponto de nem se cumprimentarem. Talvez nem sejam desconhecidos, pelo fato de Sr. àlvaro estar totalmente envolto a seus pensamentos, a ponto de por pouco perder seu andar.
Off Sr. Álvaro
Eu, eu mesmo ...Eu, cheio de todos os cansaços, quantos o mundo pode me dar. - Eu.

A porta do elevador se fecha, e o Sr. Álvaro se perde dentro do elevador.


Sequência 06:
A sala de espera da secretária : int./dia

Sr. Álvaro se encontra sentado na sala de espera de um escritório, pelo visto, um escritório de um figurão importante na empresa. Talvez um sócio acionista, porém quem se importa. O importante é que Sr. Álvaro se encontrava em uma situação angustiante, Uma sala de espera vazia, uma secretária a sua frente e assunto nenhum, nada em comum.
Off Sr. Álvaro
Há mais de meia hora que estou sentado à secretária, com o único intuito de olhar para ela. Tinteiro grande à frente, canetas com aparos à frente, mais para cá papel muito limpo. Ao lado esquerdo, um volume da “Enciclopédia Britânica”. Ao lado direito - Ah, ao lado direito, a faca de papel com que ontem não tive paciência para abrir completamente o livro que me interessava e não lerei.

Áudio Off
As páginas de um livro são folheadas, quando o som desaparece, num silêncio ensurdecedor.


Sequência 07:
A hora do almoço, com as ruas lotadas : ext./dia

Um moto-boy caminha apressado pela fachada do edifício imponente. Ele entra no edifício, seguindo pelo Hall de entrada, e imediatamente o vemos diante de Sr. Álvaro, entregando-lhe o almoço.
Off Sr. Álvaro
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo, serviram-me o amor como dobrada fria. Disse delicadamente ao missionário da cozinha que a preferia quente, que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.

Álvaro se irrita com a comida fria, que lhe foi entregue. Ambos discutem sobre a cobrança do serviço mal executado. Logo, que finda a discussão, os dois estão dentro do elevador, Álvaro paga suas contas com o moto-boy.
Off Sr. Álvaro
Impacientaram-se comigo. Nunca se pode ter razão, nem num restaurante. Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta, e vim passear para toda a rua.


Sequência 08:
Pessoas passam por Álvaro: ext./dia

Álvaro sai de dentro do edifício, consternado, junto com uma multidão de pessoas, que como ele. Possuem apenas, um único intervalo de um hora e meia para o almoço, e não era bem o que ele queria. Também não era bem o que todas as outras pessoas queriam.
Off Sr. Álvaro
O dia deu em chuvoso. A manhã, contudo, esteve bastante azul. O dia deu em chuvoso. Desde manhã eu estava um pouco triste.

Álvaro continua a caminhar por entre a multidão, que parece o acompanhar. Ele continua a passear por toda a rua, encontrando as figuras mais estranhas possíveis. Ele vê crianças abandonadas brincando na rua, no meio da imundície do mundo.
Off Sr. Álvaro
(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim, particular ou público, ou do vizinho. Sei muito bem que brincarmos era o dono dele. E que a tristeza é de hoje.).

Álvaro continua seu passeio no seu horário de almoço. As pessoas continuam passando por ele, como se o mesmo não existisse. Seu semblante é cada vez mais de desespero e angústia.
Off Sr. Álvaro
Ah, onde estou, ou onde passo, ou onde não estou nem passo, a banalidade devorante das caras de toda gente! Ah, a angústia insuportável de gente! O cansaço inconvertível de ver e ouvir.


Sequência 09:
Dobrada à moda do Porto fria : ext./dia

Sr. Álvaro caminha pela rua como nada pudesse atingi-lo. Sr. Álvaro desvia seu olhar entre a multidão, que o acompanha. Ele planeja voltar ao seu trabalho, mas continua andando pela rua, com seu estomago vazio como se tivesse pelejado até a morte.
Off Sr. Álvaro
Sei isso muitas vezes, mas se eu pedi amor, porque é que me trouxeram Dobrada à moda do Porto fria? Não é prato que se possa comer frio, mas trouxeram-no frio. Não me queixei, mas estava frio, nunca se pode comer frio, mas veio frio.

Mas algo chama sua atenção. Ele cruza seus olhos com os olhos de uma bela garota, a quem ele julga conhecer. Seu olhar reflete, por um momento, um pouco de ternura.


Sequência 10:
Parque da cidade : ext./dia

Numa bela floresta, com um pequeno lago ao fundo, dois jovens correm ao longe, abraçando-se sobre a relva. Os jovens caem felizes na grama, alheios a qualquer tipo de responsabilidade.
Off Jovem Álvaro
Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui.

Os jovens se beijam sob o céu azul ao final da tarde.
Off Jovem Álvaro
Sê todo em cada coisa.


Sequência 11:
A despedida no aeroporto: int./noite

Os dois se despedem no aeroporto, na entrada para o vôo para Londres. Os dois repreensivos, abraçam-se, debaixo duma enorme choradeira.
Off Jovem Álvaro
Põe quanto és, no mínimo que fazes.


Sequência 12:
No meio da rua: ext./noite

O jovem Álvaro caminha sob o luar de uma cidade desabitada, sem viva alma. O jovem encontra-se com um mar de lágrimas brotando de sua fronte.
Off Jovem Álvaro
Assim, em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive.


Sequência 13:
Interior do escritório à tarde : int./dia

Dentro do elevador, junto com outras pessoas...Parece tudo a mesma coisa. Sr. Álvaro não para de pensar...
Off Sr. Álvaro
A minha alma partiu-se como um vaso vazio. Caiu pela escada excessivamente abaixo. Caiu das mãos de uma criada descuidada. Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia louça no vaso.

A porta do elevador se abre, alguns descem, outros permanecem. Sr. Álvaro fica a esperar o próximo andar. A porta se fecha, aqui perdemos o contato com nosso personagem. Nosso personagem agora é outro, um rapaz que acabara de sair do elevador, porém ainda podemos ouvir a voz do Sr. Álvaro.
Off Sr. Álvaro
No dia triste o meu coração mais triste que o dia...

O jovem trabalhador é um office-boy, ele atravessa apressado pelos corredores de sua seção, então podemos ouvir sua voz.
Off office-boy
Meu coração tribunal, meu coração mercado, meu coração sala da bolsa, meu coração balcão de banco, meu coração rendez-vous de toda a humanidade.

Uma mulher de negócios veio no sentido contrário ao que o boy se dirigia, uma mulher muito bem vestida, porém com seu pensamento longe.
Off mulher de negócios
Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.

Ela entra no elevador que parecia a estar esperando, sobe três andares e desce.
Off mulher de negócios
Mas, afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas.

Ela sai do elevador desviando de um jovem executivo com pinta de galã. Ele, com o pensamento longe, entra no elevador, que continua a subir parando apenas, alguns andares acima. O jovem desce e se encaminha a um corredor comprido.
Off jovem executivo
Queriam-me casado, fútil, cotidiano e tributável? Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa? Se eu fosse outra Pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade. Assim como sou, tenham paciência! Vão para o diabo sem mim, ou deixem-me ir sozinho para o diabo!

Ele atravessa um corredor, passando por diversas mesas, de onde os funcionários emitem seu pensamentos.
Off funcionários
O sono que desce sobre mim, o sono mental que desce fisicamente sobre mim, o sono universal que desce individualmente sobre mim - Esse sono parecerá aos outros, o sono de dormir, o sono da vontade de dormir, o sono de ser sono.


Sequência 14:
O escritório torna-se pequeno : int./dia

O jovem passa por uma seção de escritórios, em um deles se encontra o nosso antigo personagem, Sr. Álvaro. O vemos de frente sentado em sua mesa escrevendo em seu computador.
Off Sr. Álvaro
Estou cansado, é claro, porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado. De que estou cansado, não sei: De nada me serviria sabe-lo, pois o cansaço fica na mesma.

Ao vermos a tela de seu computador, vimos que nada foi escrito. Sr. Álvaro está sentado à sua mesa fazendo absolutamente nada. Seus olhos encaram o vazio de sua alma.
Off Sr. Álvaro
Não, cansaço não é...É uma quantidade de desilusão, que se me entranha na espécie de pensar, é um domingo às avessas do sentimento, um feriado passado no abismo...

Neste momento, Sr. Álvaro, quase como se fosse um surto, começa a esboçar uma carta em seu computador, porém seu pensamento ainda está a vagar.
Off Sr. Álvaro
Quero me acabar entre as rosas, porque as amei na infância.

O que ele escreve?; uma carta de despedida para quem sabe...Sua amada, sua irmã, tia, amiga... Ninguém saberá quem foi Daisy de seu Soneto Antigo.
Imagem do que foi escrito no computador
Olha, Daisy: Quando eu morrer tu hás de dizer aos meus amigos aí de Londres...

Seus olhos se enchem de lágrimas, ele para de escrever e fita por um momento o que havia escrito.
Off Sr. Álvaro
Ora até que enfim..., perfeitamente... Cá está ela! Tenho a loucura exatamente na cabeça.

Sr. Álvaro se levanta, e se esvai pela sala afora. Sem direção e sem destino, simplesmente, vai.
Off Sr. Álvaro
Devo tomar qualquer coisa ou suicidar-me? Não: Vou existir. Arre! Vou existir. E-xis-tir... E-xis-tir...


Sequência 15:
Saída do escritório: int./dia

Sr. Álvaro caminha pelo corredor, passando por seus colegas de serviço, sem se importar realmente com o que fazem. Alguns deles fitam nosso personagem com um ar de surpresa, outros com indiferença.
Off Sr. Álvaro
Lá chegam todos, lá chegam todos... Qualquer dia, salvo venda, chego eu também... Se nascem, afinal, todos para isso...

Ele atravessa o corredor feito bala, entra no elevador, que já se encontrava cheio, a porta se fecha, e perdemos novamente de vista nosso personagem.
Off Sr. Álvaro
Não tenho remédio senão morrer antes, não tenho remédio senão escalar o Grande Muro... Se fico cá, prendem-me para ser social...


Sequência 16:
As luzes da cidade à noite: ext./noite

O dia já se vai, a luz vai se acabando e a noite chegando. Não vemos mais Sr. Álvaro, com seu terno negro, sua gravata inconfundível e seu chapéu coco. Provavelmente ele já foi para casa ao se misturar na escura multidão. Os carros passam luminosos pela estrada, os ônibus avançam rumo à casa, as pessoas, cada um na sua, seguem seu destino. O céu vai ficando cada vez mais escuro, as luzes da rua vão se ascendendo e ofuscando a visão já acostumada com a noite preta.
Off Sr. Álvaro
Depois de amanhã, sim só depois de amanhã... Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã, e assim será possível; mas hoje não... Não, hoje nada; hoje não posso. A persistência confusa da minha subjetividade objetiva, o sono da minha vida real, intercalado, o cansaço antecipado e infinito, um cansaço de mundos para apanhar um elétrico... Esta espécie de alma... Só depois de amanhã...




*Roteiro em preparação para filmagem...
Inpirado livremente em poemas de Fernando Pessoa, na pele de seu heterônimo Álvaro de Campos, e às vezes Ricardo Reis.
Ficções de Interlúdio III & IV - Fernando Pessoa




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