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Artigos-->Nossos corações , quando podem ser felizes, batem muito mais -- 16/06/2000 - 07:59 (Edson Rodrigues) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“Nossos corações, quando podem ser felizes, batem muito mais forte”







Os tempos são outros, a ordem pelo progresso sempre presente como uma imposição positivista, só que sendo paradigma para os que têm, e têm muito. Vamos completar os quinhentos anos do nosso descobrimento e muitos anos também se passaram desde que todos os índios foram mortos e aqueles poucos aculturados que sobreviveram fogem ao massacre do homem branco, seja pelo fogo, seja pela indiferença daqueles que detêm o poder e não se importam em pelo menos preservar sua cultura, que também é nossa. Por sua vez , os negros, se é que se pode , no Brasil, considerar alguém negro, no sentido estrito da palavra, dada essa miscelânea de etnias, as nuanças de pele são tão diversas e tornam sobremaneira difícil a caracterização do negro ou mesmo de outra etnia. É bem certo que há uma diferença quando a cor da pele e a textura dos cabelos contrasta com o nível social. Negro então toma sentido pejorativo quando a classe social é mais baixa, ou melhor, menos favorecida. Aí até o branco é negro. É um reflexo da exclusão social que assistimos. As diferenças sociais atualmente no país são tantas que uma abordagem generalizada torna-se praticamente impossível e perigosa, sob pena de deixar de mencionar alguma mais importante. Evidencia-se infrutífera uma discussão ou abordagem sob este aspecto, não que não se deva discutir essas questões e amenizar os efeitos danosos que isso causa a todos, principalmente aos excluídos , utilizando aqui um termo bem atual.



Sendo assim, delimitemos nossa apreciação, voltando os olhos e a consciência crítica aos menos favorecidos do momento : os sem, os sem terra, sem emprego, os sem camisa... e tentando limitar ainda mais este grupo, tomemos carona, não nos caminhões, mas nas caravanas de sem terra que a pé percorrem este nosso belo país, pleno de terras férteis e que impressionam quem por elas viaja sem perceber uma seqüência de plantio, um aproveitamento racional dessas terras, mas que por seu turno têm dono e permanecem intocadas e intocáveis desde há muito tempo, desafiando o bom senso de todos e causando indignação àqueles homens e mulheres rudes que nada mais sabem da vida a não ser tirar da terra a sua sobrevivência . A presença de outros elementos dentro do grupo, que a bem da verdade , desvirtuam por vezes o seu objetivo, não devem ser considerados , no entanto, tentemos nos restringir ao grupo, pensando-o como um todo homogêneo, sem distinguir aqui ou ali a presença desses elementos , que momentaneamente não merecem vir à tona.



O importante então, é saber e discutir a questão da Reforma Agrária ; é uma questão de bom senso . Presenciamos diuturnamente no noticiário as invasões cometidas, tendo por alvo fazendas e propriedades de dimensões escandalosas. É bem certo que estamos vivendo num país onde há, até provem o contrário, o Estado Democrático de Direito, escrito assim mesmo, em maiúsculas , é pomposo e para o incauto é até verdadeiro. Mas será mesmo verdadeiro ? Estado Democrático de Direito somente para quem tem . Se a fazenda , mesmo improdutiva, for invadida ,o Poder Público é logo chamado à cena para proteger e resguardar o direito à propriedade, direito este consubstanciado na nossa Constituição Federal. Mas, e para os sem, os que não têm? É o descaso o que condena. Condena a uma vida indigna, um povo que vive absolutamente à margem da vida, às margens das rodovias, nos seus acostamentos , como nômades, num Brasil de dimensões continentais, de terra farta , fértil , improdutiva e testemunha muda de tanta fome e injustiça. Não que quem tem a propriedade não mereça a tutela do Estado para sentir-se seguro quanto ao direito que lhe assiste, mas e quanto à função social da propriedade, também presente no texto constitucional? Certamente porque a nossa Lei Maior não se presta à proteção e à defesa dos que dela mais dependem e esperam garantias essa função não é questionada.



Não é com discursos já ultrapassados que há de se resolver o problema que nos últimos anos se torna mais preocupante, não pelo estado deplorável da miséria e abandono em que se encontram estas pessoas , mas pela ameaça que elas representam à ordem e ao progresso, por não poderem mais suportar a ingerência e o descaso do governo que as relega a condições desumanas , sem dar-lhes possibilidade de criar seus filhos , dando-lhes educação, casa , comida, e recursos satisfatórios para a formação de verdadeiros cidadãos, que é direito de todos. Ninguém pode viver sem esperança, sem ter perspectiva de um futuro melhor onde se possa vislumbrar uma vida digna para todos.





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