Mãos
Pelas minhas mãos...
tanto tempo escorrendo,
tanta ilusão e medos,
tanto vento que levou
semente de cada investida.
Entre minhas mãos...
Oportunidades, garra.;
sensibilidade, farra.;
malandragens claras.
Sou dedo sem aliança,
sou mais uma mão
na desconfiança,
sou nesta nação,
número sem expressão.
Série, mortal.;
humana, igual,
não!
Mãos!
Sou real!!!!
Vire a sua face,
mostre-me suas dobras,
lembranças da promessa,
do que se espera,
daquilo que se alcança.
Com minhas mãos,
descrevo em atitudes,
desenho o abstrato,
no trabalho de fato,
confirmo que faço,
sou única, rara.;
sou vaso, sou cara,
comprada por sangue,
Sou profissão certa,
martelar o evangelho,
quebrar o velho, sou criança.
Sou mãos com espada,
calada: sou escudo da esperança,
falando: sentimento mudo.
Com dedos toco as orlas,
a corda da salvação,
posso segurar os pés cravados,
purificar meus pecados,
segurar meu futuro,
apagar a memória,
com mãos próprias,
remover a pedra da prisão.
Pois, sou livre para escrever,
sentir, abraçar,
moldar meus sonhos,
projetos: realizar...
consagrar minha vida,
entregando meu coração,
receber unção,
derramar poder,
desatar religião,
abraçar a cruz pelo perdão,
conquistar os jovens de São Paulo,
tudo por estas mãos,
chamadas: Paixão.
Vanessa Motroni
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