O Episódio do Lago de Genezaré
Gonçalo Ferreira da Silva*
Havia forte tormenta
Naquele sombrio dia,
A água invadia o barco,
O grande temor crescia,
Na popa o Divino Mestre
Tranqüilamente dormia.
-Senhor – chamaram os discípulos-
desculpa te acordar,
não se te dá que morramos?
E Jesus ao despertar
Pediu silêncio ao vento,
Mandou o mar se calar.
O vento e o mar cessando
Se viu a fé como é;
Depois seguiu-se a bonança
E o Mestre ainda de pé
Disse: - Como sois medrosos
Ainda não tendes fé?
Perplexidade e Júbilo,
Se fizeram entre os presentes
Que a seguir indagaram
Quem é este entre os viventes
A quem o mar e o vento
Se curvam obedientes?
(*) Poeta e cordelista cearense, radicado no Rio de Janeiro. Aí fundou juntamente com Paulo Nunes Batista, a Academia Brasileira de literatura de cordel, da qual é presidente.