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Artigos-->A AVENTURA DO PÃO -- 05/06/2009 - 18:44 (Abel Aquino ) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Abel Aquino



Naquele dia o professor entrou na sala de aula com um pão de forma na mão - daqueles que vem com uma bonita embalagem e já fatiado - e o colocou sobre sua mesa. Os alunos olharam para o pão e todos ficaram com expressão de espanto e curiosidade no rosto.

O professor, calmamente, tirou seu casaco, colocou-o sobre o encosto da cadeira e olhou para os estudantes.

- Porque estão com essa cara de espanto?

- Para quê esse pão aí? Ouvia uma meia duzia de vozes, perguntando simultaneamente.

- Bem, é que eu quero descobrir com vocês a história desse pão que comprei no supermercado.

- A história? - Repetiram incrédulos.

- Sim...

- Mas pão tem história? - Insistiram.

- Claro! Como é que ele veio até aqui, como ele nasceu, como foi feito e de que foi feito.... isso não é uma história? - Concluiu o professor olhando para seus alunos.

- Ricardinho, venha até aqui e conte a história desse pão para nós.

- Eu, professor!? - Perguntou Ricardo assustado.

- Sim, você mesmo....

- Mas eu não sei nada dessa história de pão, não.

- Como não sabe. O pão é feito de quê?

- De farinha de trigo, respondeu Ricardo e mais uns dois outros alunos.

- Pois bem, e o trigo é feito de quê?

- O trigo? - Gagueijou Ricardo.

- Nasce da terra, - gritou Fernando, lá do fundo da sala de aula.

- È! - em parte é verdade que veio da terra. Mas na realidade o trigo veio de outro trigo, que é a semente - continuou o professor.

- A história é que o agricultor comprou a semente, arou a terra, esperou a chuva cair, semeou o grão de trigo, esperou germinar, crescer, a chuva cair de novo e na hora certa, amadurecer e então colheu e o vendeu ao cerealista. O cerealista vendeu-o ao moinho. O moinho descascou e moeu o trigo e o vendeu ao padeiro. O padeiro pegou a farinha de trigo, colocou o fermento, a gordura, acrescentou água e amassou a farinha, colocou-a na forma e levo-a ao forno. Do forno, o pão foi retirado, embalado e distribuidos para as padarias e supermercados. Da prateleira, eu o peguei, passei no caixa, paguei três reais, que era seu preço, e vim para a escola.

- Essa é a história do pão, conclui o professor.

-

Os alunos permaneciam olhando para o professor sem entender muito bem aonde ele queria chegar.

- Fernando, o que motivou o lavrador a plantar trigo para que o cerealista tivesse trigo para vender ao dono do moinho e que este tivesse trigo para descascar e moer, o padeiro tivesse trigo para fazer o pão para que eu pudesse encontrar-lo embaladinho na gôndola da padaria e com isso conseguisse tomar o meu café da manhã?

- O que motivou? – Fernando não entendeu.

- Sim, o que o motivou! Foi uma lei do governo que o obrigou a plantar trigo? Foi a religião? Foi por bondade para que eu tivesse o meu pão todo dia?

- Bem, sei lá..... queria ganhar dinheiro, eu acho.

- Exatamente. Ele pensou no dinheiro. O que o moveu foi uma especie de egoismo, não é verdade?

- Sim, responderam a maioria dos alunos.

- Pois bem, como é possível uma cidade como São Paulo, que tem mais de 10 milhões de pessoas, ter supermercados, padarias e outros tipos de comércios, oferecendo todo tipo de alimento imaginável a essas mais de 10 milhões de pessoas todos os dias do ano...? - como isso é possível? Os alunos permaneceram em silêncio total, esperando a resposta do próprio professor.

- Isso só é possível porque existe o mercado, isso é a liberdade das pessoas de produzirem, comprarem e venderem todo tipo de mercadorias umas para as outras. Não existe nunhum decreto do governo obrigando os produtores, os agricultures e os fabricantes a abastecerem São Paulo para que as pessoas possam obter o que precisam. - Como isso é possível?

- Professor? - eu entendi - Marcia levantou e respondeu.

- Professor, eu já li sobre isso; se há liberdade, onde existe uma necessidada há uma oportunidade. As pessoas precisam de coisas, comida, utencílios, móveis, uns precisam produzir móveis e obter dinheiro para comprar comida enquanto outros produzem comida e ter dinheiro para comprar móveis... não é mais ou menos assim?... concluiu Marcia.

- Meus parabens, Márcia! Você entendeu perfeitamente. Portanto, como podem ver, muitas pessoas participaram da fabricação desse pão. Aliás, essa é uma cadeia sem fim; se imaginarmos que tudo começou com o lavrador plantando o trigo, podemos perguntar: e a semente? A semente foi comprado do fornecedor de sementes, que por sua vez teve que preparar a terra, plantar o trigo, colher beneficiar e recolher a semente para poder vender ao distribuidor de sementes e dessa forma a semente chegou ao lavrador de nossa história. Mas quem forneceu a semente ao lavrador que plantou sua lavoura de trigo para colher semente para vender? Na verdade a história nunca acaba. Podemos retroceder no tempo até aos primórdios da descoberta dessa gramínia lá no campo. Sim, o trigo é uma espécie de grama, por incrível que pareça.

- Mas a pergunta que quero fazer é: como é possível haver sempre pão na padaria e no supermercado e no entanto não existe nenhum decreto governamental obrigando as pessoas a fabricarem o pão? .......são tantas as pessoas envolvidas e no entanto elas nem se conhecem, elas não se reunem para combinar como manter a padaria e o supermercado constantemente abastecidos de farinha de trigo, a matéria prima do pão. Se começarmos pelo produtor de semente, chegamos ao distribuidor, ao lavrador, ao dono do moinho que compra o trigo e o transforma em farinha, ao comprador da farinha que a distribui às padarias e aos fabricantes de pão de forma, chegamos a conclusão que essa é uma cadeia extremamente complexa e no entanto funciona quase sem falhas, a não ser por eventuais problemas climáticos ou interferências governamentais, quase sempre danosas, repito, funciona quase sem falhas e incrivelmente sem comando de governo algum. E quantos empregos essa maravilhosa cadeia de eventos propicia? O benefício não é só meu ou seu na medida em que podermos comer nosso pão com manteiga toda manhã. O benefício se espalha ao longo das várias fases da produção e comercialização, gerando trabalho para muitos operários, criando comércios de tratores, de máquinas agrícolas, atividades para os moinhos industriais, veículos de transportes, galpões de armazenamentos, etc, etc.

- Agora, voltando ao início, pergunto: como chamamos a essa cadeia de produção e comércio que leva a ter pãozinho todo dia na padaria?

- Mercado, respodeu Pedro rapidamente.

- Perfeitamente, Pedro.

- Mas o que é que está a cargo do Governo e não do mercado? - Alguém pode responder?

- A segurança! Gritou Aldo, levantando os braços.

- É uma delas.... quais outras?

- A saúde, arriscou Márcia.

- Perfeitamente. O governo, incluindo o municipal, o estadual e o federal, é responsável pela segurança, pelo atendimento de saude aos mais pobres, por fornecer educação gratuita, pelo asfalto da rua, pela luz pública. E ele é eficiente nisso?

- Não, quase todos responderam.

- Pois bem, essa é a grande diferença entre as atividades feitas pelas pessoas particulares com o intuito de obter renda e as atividades obrigatórias do Estado que não possui motivação clara ou bem definida.

- Mas agora pergunto: por quê esse tal de Mercado é tão xingado e endemoniado por determinadas ideologias? - Alguém pode responder?

Todos permaneceram calados, pensativos.

- Bem, concluiu o professor, esse assunto é uma outra longa história que iremos tratar na próxima aula. A aula está encerrada; tenham todos uma boa noite.





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