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Cronicas-->Dicendi -- 28/05/2000 - 22:19 (Amélia Alves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tenho medo deste seu gesto contido em mãos constantemente caídas,desta sua acontecência parada e até,de vez em quando,me apavoro diante de seus desejos de sugerir alguma coisa e ficar estático,à espera de que eu saque inteligentemente tudo que passeia de forma distraída e distante em suas artérias,de onde ainda não senti mais que pequenos lampejos de movimento, como contorções de uma dormideira,por exemplo. Dorme em você qualquer parecença com a flor-do-baile. Vivo tentando descobrir a hora em que acorda para não violar nada que possa existir de pureza em seu sono, para não espantar qualquer intenção de flor residente em sua dormência.

Há horas em que penso ser uma deslavada mentira este seu jeito de falar só de olhos e parar me escutando aberrações e extravagàncias, mas logo então, me arrependo de não saber ainda prever intermináveis silêncios, porque também tenho medo de criar imagens diversificadas e acabar (me) perdendo de você as verdadeiras essências.

Foi deste pavor ao seu silêncio e a todos os silêncios que se façam de não-ser e mistério, que me brotou um certo instinto de grito que me faz presente a mim-mesma, a todo esse espaço vazio onde se delineiam figuras de um dia virem a ser paisagem. Só que da sua paisagem não escuto senão longínquas substàncias de campos verdes, porém desérticos, só porque a impaciência de escutar o sem-som de um espraiar vagaroso e interrompido, é minha inevitável noção de silêncio. Por isto e com isto, vou desenhando caricaturas de sua existência ( e tantas outras que me houverem de esboço) com indiferentes e desconhecidos lápis de falar do indizível contraste que é sua presença mais sua não-presença. Aí começam de novo a se apagarem possíveis aparições míticas que posam explicar de seu modo plácido de se dar e acontecer.

E de repente, eis-me querendo explicitar caminhos a quem não sei entender de endereços, entregando trancas de meus possíveis oceanos, mesmo sabendo de probabilidads de afogamentos repentinos. Nisso vou lançando um pouco de minhas impossibilidades também, de não saber velar sonhos, secar e agasalhar contínuas reações, e com isto, estar só agora percebendo de fraquezas conjuntas e covardia, de não termos nos reconhecido, de não nos despojarmos de tantas couraças, vestidos que somos até o topo de ruídos e silêncios.
Porque hoje seja talvez mais um dia de me voltar a essas paragens, mais de voltas que de partidas, vou abrir casa toda e deixar porta aberta, embora tendo medo de seu medo de tropeçar na entrada.



"O UNIVERSO não é uma idéia minha.
A minha idéia do Universo é que
é uma idéia minha."
Fernando Pessoa


Do livro "Vácuo e Paisagem"_
poesia e prosa poética.
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