APAZIGUAR
Todo mundo vive falando em paz. Que acabem as guerras, que os perturbadores da ordem sejam punidos, que os conflitos sejam extintos! Entretanto, a maioria das pessoas é inquieta, quase sempre está a se indispor com os outros.
Irmãos que brigam por causa da herança, colegas que se destratam na disputa de um posto, namorados que se atormentam por ciúmes, maridos que espezinham mulheres, mulheres que reclamam dos filhos...
Filhos que recorrem a drogas, jovens que se divertem queimando ônibus e estraçalhando vidas, pichadores que emporcalham paredes recém-pintadas, assaltantes que na calada da noite ou com o sol a pino surpreendem transeuntes para roubar-lhes o que obtiveram com fruto do trabalho...
Governantes que não cumprem com suas promessas, que iludem o povo, que usam o dinheiro público como se deles fosse. Que se julgam acima das leis, que não se envergonham de atos ilícitos, que pensam que não devem satisfação alguma a quem os elegeu. Que se elegem para trabalhar em causa própria e não por uma cidade, estado ou sua Nação. Que não estão nem aí para estradas esburacadas, cidades abandonadas, pontes caídas, falta de água ou de luz. Querem é desfrutar do poder, nomear parentes para aumentar a fortuna familiar, viajar, aparecer e se embonecar. Com ternos de grife, botox e cabeleireiro particular.
Que exigem de nós o politicamente correto, enquanto dividem pessoas jogando-as umas contra as outras. Pobres contra ricos, empregados contra patrões, minorias contra maiorias, negros contra brancos... Tirando o lugar de quem passou no vestibular. Apoiando aqueles sem-terra que invadem, prontos para acampar e quiçá matar, querendo tudo, menos plantar.
Chegar à paz é muito difícil. Antes, seria preciso que cada um de nós se voltasse para seu interior e buscasse, lá no íntimo, harmonia consigo mesmo e com o mundo exterior. Se conseguirmos um pouco que seja dessa serenidade e tranquilidade da alma, talvez possamos alcançar a tão almejada união e concórdia. Abaixo a discórdia!
Beatriz Cruz
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