Em um certo momento resolvi “ninguém existir”.
Fechei meus olhos num exercício de paz.
Expulsei todos os medos,
Todas as alegrias,
Todas as tristezas,
Todos os sonhos,
Todos os sons...
Expulsei todos os amigos,
Todos os inimigos,
Todos os amores.
Mandei embora tudo o que tinha dentro de mim.
E no vácuo da solidão,
Transportei-me para o deserto.
Lá, fiquei no meio do nada,
No centro de mim.
Ninguém mais existe,
Somente eu.
Mas não fiquei muito tempo sozinha,
A tristeza apressou-se em sua volta à fazer-me companhia.
Ela me trouxe as lágrimas que correram abundantes caindo na areia.
E como por encanto, da areia molhada brotou a flor da saudade que fez desfilar diante de mim todos os que amo, todos os que não tenho muito apreço, todos os momentos alegres, todos os sonhos, todos os sons e cheiros da saudade.
Percebi que nunca fiquei só, pois a solidão não me abandonou e fez com que desencadeasse todo o ciclo de uma vida diante de mim.
E pensei...O que seria de todos sem a minha presença?
Ah! Não que eu seja a peça mais importante...longe de mim.
Mas sou necessária mesmo que seja para um simples comentário, para afastar o silêncio de alguém.
O que seria de mim, se não fosse você, que por mais distante que possa parecer, é um complemento de, talvez, apenas alguns instantes, mas se encaixa na vida que tenho.
Ninguém é só, ninguém vive só...
|