Tudo poderia ser diferente!
Carlos Claudinei Talli
Poderia ter sido pior? Sim, poderíamos ter perdido o jogo, e estivemos muito perto disso.
Uma partida que começou extremamente fácil, tal a fragilidade da defesa egípcia, e depois,porque entramos de salto alto no 2º tempo, quase se transformou num desastre.
No intervalo, ganhávamos de 3 x 1, com um belo de gol de Kaká – tá certo, muito facilitado pela ingenuidade do adversário -, e outros dois de bola parada. Uma falta cobrada pelo Elano e aproveitada pelo Luís Fabiano de cabeça, e um escanteio do próprio Elano na cabeça do desmarcado Juan. Com esses três ingênuos gols brasileiros, o Egito parecia nocauteado. Mas...
Logo no começo do 2º tempo, em menos de 1’, dois gols egípcios, e a nossa defesa inteira batendo cabeça. Já no 1º gol do Egito, no 1º tempo, parecia que não existia defesa contrária. E os dois do 2º tempo, reforçaram essa idéia. E aí, só deu Egito até os acréscimos da etapa final. Parecia que o 4º gol do time da terra dos Faraós era uma simples questão de tempo. E o meio de campo brasileiro, apenas correndo atrás da bola e batendo cabeça.
E quando tudo parecia sacramentado, pois o Egito não tinha transformado em vitória o seu completo domínio do jogo, eis que surge o pênalti salvador. Um zagueiro egípcio põe o braço na bola na risca do gol, após a cobrança de um escanteio pelo Brasil, e numa finalização do nosso Lúcio velho de guerra.
E para tornar tudo mais ‘emocionante’, apesar do claro pênalti, o juiz indica escanteio. O time brasileiro inteiro vai pra cima do árbitro, e o juiz, não se sabe se alertado pelo bandeirinha, totalmente encoberto no lance, ou por um possível ponto eletrônico, volta atrás. E sentencia a marca de cal. Kaká bate com perfeição, e... Vitória! Num átimo de segundo, o Egito, de provável e merecido ganhador da partida, se transforma em mais uma grande injustiça do futebol. Curioso, como esse esporte é pródigo em fabricar injustiças!
Agora, em relação ao jogo em si, a mesma constatação de sempre. A única exceção foi o jogo contra o Paraguai. O nó górdio, que salta aos olhos, é o nosso ‘quadrado mágico’ do meio de campo. E nesse jogo, para o nosso azar, dos dois volantes de contenção, nenhum se salvou. Até mesmo o Felipe Melo, que tinha se apresentado tão bem desde o amistoso contra a Itália, jogou um bolinha deste tamanhinho. E o Gilberto Silva...? Depois dos meus últimos artigos, preciso responder?
E o pior é que depois do jogo, nos comentários sobre a partida, principalmente na mídia hegemônica, a culpa recaiu quase que totalmente na nossa defesa. Inclusive nos nossos excelentes zagueiros de área, Lúcio e Juan.
Ou eu enxergo futebol de outra maneira, ou eu não entendo mesmo nada desse jogo. Pra mim, e eu vou me tornar mais uma vez redundante, o grande problema da nossa seleção tem nome, e chama-se Gillllbbbbeeeerrrrrttttoooo Ssssiiiilllllvvvvaaaa.
Quando o meio de campo não faz o seu papel, tanto o ataque quando a defesa de um time ficam órfãos de pai e de mãe... E esse nosso meio de campo, principalmente por causa da lentidão e do jogo de ‘ladinho’ do jogador em questão, não protege a defesa e muito menos abastece o ataque. E não tem qualquer mobilidade... Então, o que é que esse meio de campo faz?
Com a resposta o nosso treineiro velho de guerra. A culpa não é do jogador não... Em outras épocas, quando mais novo e com mais vigor físico, foi utilíssimo à nossa seleção... Vocês se lembram em 2002?
E pensar que só com uma simples substituição, por exemplo, o Ramires ou o Cleberson ou o Lucas ou o Elias - só para não me estender muito - no lugar do Gilberto Silva, tudo poderia ser diferente!
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