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Artigos-->Adolescente e gay -- 27/06/2009 - 14:14 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Homossexuais e heterossexuais. Esses termos definem exatamente o quê? Opções sexuais? Ouvi de um amigo gay, certa vez, que o homossexualismo (esse é um termo politicamente correto?) não é uma opção. O garoto ou a garota, lá pelos trezequinzedezessete anos avalia um cardápio cada vez mais amplo e colorido, resolve que o pacote homo é mais adequado para o seu jeito e se torna gay. Não é assim. Ao menos é o que o bom senso parece confirmar. E a experiência pessoal de cada um de nós também. Eu não me lembro de ter comunicado, numa reunião extraordinária, à minha família e aos amigos que eu era heterossexual assumido. Não escolhi, certa manhã, ser hetero. Apenas sou.

Se não é uma escolha, como explicar que o número de adolescentes gays tem aumentado e já representa uma proporção considerável da moçada e da rapaziada entre 12 e 18 anos? Quando comparado com a década de 1980, época na qual eu habitava esta faixa etária, o que se observa hoje é surpreendente. Sobretudo entre as meninas. Passeie por uma determinada praça de Ribeirão Preto, localizada no quadrilátero central, e comprove. Diversos jovens casais de meninas homossexuais caminham por ali de mãos dadas, todas as tardes, sem se preocupar com os olhares de reprovação vindos das janelas dos prédios de classe média que circundam o footing. Nas escolas de Ensino Médio, também é possível transformar a impressão em certeza: relacionamentos homossexuais na adolescência são muito, muito comuns hoje.

O que quer que eu escreva aqui, neste ponto do texto, vai parecer justificativa de algo que não quero justificar. Se disser que tenho muitos amigos gays; se disser que não tenho, em meu cérebro, o chip que valoriza heteros e menospreza homos; se disser que o direcionamento (será que essa palavra é politicamente correta?) sexual de uma pessoa não me espanta ou preocupa; se, enfim, disser que não sou preconceituoso, tudo isso será visto como justificativa. Se não sou preconceituoso, por que estou escrevendo sobre esse tema? Não ser preconceituoso não me torna ignorante da discriminação que existe, e vai continuar existindo, em relação aos gays. Basta perceber que, para a grande maioria, ricos e pobres, ato falho ou não, o contrário de homossexual não é heterossexual, é “normal”. “Meu filho não é gay, é normal!”.

Deixar a hipocrisia de lado e encarar essa nova realidade seria bom. Enquanto os jovens estão mudando o jeito de se relacionar amorosamente, a família e a escola ainda insistem em perseguir padrões de normalidade que já perderam a data de validade. Pais e mães preferem não saber. “Onde já se viu, minha filha namorando uma colega de classe? Meu filho amando um outro menino? Não que eu tenha alguma coisa contra, mas na minha família, não!”. A negação mantém a família nessa normalidade que rima com falsidade. Ao mesmo tempo, as escolas vendem uma imagem de tolerância, que será mantida desde que esses “casos especiais” (um eufemismo?) não fiquem muito “evidentes” (outro eufemismo?).

Enquanto pais e mestres tentam desesperadamente manter tudo “normal”, meninos e meninas seguem nas descobertas proporcionadas por seus relacionamentos, mas desprovidos de orientações que, bem ou mal, existiriam se o caso não fosse “especial”. Quando a filha arruma um namorado, a mãe a chama para uma conversa de adulto. Se for uma namorada, porém, a mãe não fica nem sabendo e prefere que seja assim.

Adolescentes são ligadíssimos. Percebem o pouco interesse dos adultos por certos assuntos. Vai daí que, teoria minha, muitas meninas iniciam suas vidas sexuais ativas com outras meninas sem que isso possa ser classificado como homossexualidade (será que esse termo é melhor?) , entendendo homossexualidade como um posição definida e definitiva no espectro de gêneros. Elas sabem que, com uma amiga que amam, poderão descobrir mais sobre seus corpos sem sofrer a marcação forte dos pais. Alem disso, não existe o fantasma da gravidez precoce e o risco de doenças sexualmente transmissíveis é menor num relacionamento desse tipo. Que jovem, hormônios em guerra, não consideraria esta proposta: sexo seguro e livre de policiamento dos pais?

Talvez o grande número de casais gays adolescentes seja apenas um sinal de que, graças, inclusive, a esforços de gerações anteriores, eles agora se sentem mais seguros para sair de seus armários e enfrentar a praça. Tenho a impressão, no entanto, de que muitos estão optando por um relacionamento homossexual por ser mais “tranquilo”, mais “sussa”. Diferente do que meu amigo gay acredita, nesse caso, são homossexuais por opção. Acharam um atalho confortável para o amadurecimento sexual, e, se não tiverem a orientação dos pais, talvez fiquem perdidos no meio do caminho quando se virem apaixonados, num futuro próximo, por alguém do sexo oposto. Seria bom que eles ouvissem de alguém mais experiente que nem tudo que se é hoje representa aquilo que se será amanhã.



*Publicitário e professor de língua portuguesa. Ficaria muito feliz se um hetero ou um homo saísse do armário do anonimato e desse sua opinião sobre o assunto aqui tratado

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