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Artigos-->É, Rubens Volpe, você já sabia! -- 27/06/2009 - 14:15 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
É, Rubão, você já sabia!

*Jefferson Cassiano

jeffcass@hotmail.com



No dia em que resolvi que era mais do que tempo de começar - e terminar - um curso superior, depois de já ter uma carreira de década e meia como publicitário, fiz uma consulta a um grande amigo meu, Rubens Volpe Filho. Quem conheceu o Rubão para além de seu jeito Dr. House de ser, sabe que ele era não apenas um dos melhores jornalistas de São Paulo, mas um ser humano capaz de generosidades imensas. Foi aquele palmeirense de Araraquara que me livrou da dúvida: faria a faculdade de Jornalismo ou a de Letras? “Se eu fosse contratar um jornalista hoje, daria preferência a um que tivesse feito Letras e soubesse usar a língua portuguesa de forma competente. Fora que, em pouco tempo, o diploma não será mais obrigatório. Se eu fosse você, carinha, faria Letras...”. O conselho do Rubão foi decisivo. Cursei Letras, estou terminando o mestrado em Estudos Literários e creio que esse foi um dos maiores acertos de minha vida profissional.

Quarta-feira, enquanto torcia contra o Palestra, lamentei mais uma vez a ausência do Rubão. Ele precisava estar por perto para ouvir minhas provocações corintianas pela eliminação do time do Luxa da Libertadores e para presenciar a confirmação de suas previsões. Também na noite de quarta, o STF acabou, de forma definitiva e autoaplicável, com a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão. Os ministros entenderam que restringir a atividade jornalística apenas aos que possuíam diploma feria o princípio constitucional da livre expressão de ideias. Agora, cada veículo de comunicação decidirá se manterá ou não o diploma como um componente curricular necessário no ato da contratação de um colaborador.

Não há nada de revolucionário na decisão do STF. Em diversos países, a faculdade de jornalismo é apenas um dos caminhos para se tornar jornalista. Nos Estados Unidos, por exemplo, nada impede que um jovem graduado em Física ou Química trabalhe como jornalista numa revista científica, por exemplo. Ou que um economista seja repórter altamente especializado num telejornal. Mesmo assim, a questão da obrigatoriedade do diploma sempre foi polêmica. Grande parte dos jornalistas formados em jornalismo, cerca de 70 mil no Brasil, defende o canudo e o registro. Outros tantos apostam mais na competência que no carimbo da oficialidade. Entre eles, quase nove mil profissionais sem diploma.

Quem é pró-registro teme que os “patrões” e a “indústria da informação” ganhem mais poder, além de acreditar que a faculdade de Jornalismo é indispensável para “aprender” a ser jornalista. Ao lado desses conservadores estão a FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) e a ABI (Associação Brasileira de Imprensa). No fundo, eles não querem perder a reserva de mercado. Já quem é contra o registro aposta na autorregulamentação, algo que já existe - e quase funciona - no mercado de propaganda.

Como profissional de comunicação, conheci dezenas de jornalistas e trabalhei com muitos deles. Diplomados e não diplomados. Graças às características de um mercado confuso como é o nosso, também fui redator, repórter e produtor de conteúdo jornalístico para mídia impressa e eletrônica em diversas oportunidades. O que aprendi com essas experiências foi que há muitos, mas muitos, jornalistas incompetentes que se escondem (escondiam...) atrás de um diploma: “Fiz jornalismo, tenho MTB e isso basta!”. Também vi grandes jornalistas “precários”, donos de todos os requisitos técnicos e éticos necessários para o exercício do ofício, que, mesmo provando todos os dias as suas capacidades, enfrentavam fortes pressões de “colegas” sindicalizados. Até quarta, para ser jornalista, bastava ter MTB. Agora é necessário ser competente.

A ideia de que os 450 cursos de jornalismo brasileiros seriam uma forma eficiente e eficaz de oferecer o aprendizado prático e teórico a seus alunos e que isso seria a garantia de um jornalismo confiável e qualificado cai fácil. Nem é preciso frequentar aulas na faculdade para perceber que isso só existe na teoria. Basta ligar a TV, ler os jornais, folhear as revistas do interior do nosso país. Em nossa imprensa, confiabilidade e qualidade, quase sempre, são apenas palavras que aparecem estampadas em anúncios de empreendimentos imobiliários ou de concessionárias de automóvel.

É, Caixa d´Água, você tinha razão!



*Publicitário, professor de língua portuguesa e, por que não?, jornalista sem diploma registrado sempre que houver vontade, uma oportunidade interessante e o curriculum encaixar.
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