O autor da frase é o economista e professor de economia da PUC-Rio, Rogério Werneck, em entrevista ao jornal O Globo de domingo. Essa advertência soma-se às inúmeras outras, repetidas ad nauseam neste espaço e pela imprensa afora.
Inicialmente se procurava chamar o governo à razão, mostrando que ainda era possível refrear o ímpeto gastador e preservar as conquistas obtidas a partir do Plano Real e do regime de câmbio flutuante. A entrevista do professor Werneck mostra agora que já vai se perdendo a ilusão de que a racionalidade poderá prevalecer; essa vai desaparecendo com as oportunidades perdidas.
A entrevista começa com a constatação de que sob o manto de uma "política fiscal anticíclica" vêm se expandindo gastos correntes irreversíveis que não poderão ser contidos quando a economia retomar o crescimento. A maior parte dos gastos tem caráter permanente, já que estão concentrados em aumentos de salários dos servidores e com a Previdência Social.
Trata-se, nas palavras do entrevistado, de "insensatez do desmanche": a gradual destruição do arcabouço institucional que manteve baixa a inflação e resguardou o balanço de pagamentos dos choques externos. Não há mais como esperar que em 2010, ano eleitoral, seja possível reverter essa marcha da insensatez. Diante do quadro, que deteriorará nos próximos anos a menos que medidas draconianas sejam tomadas no início da próxima administração, é de perguntar-se por que alguém ainda pretende candidatar-se a presidente em 2010.