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cronicas-->REI MIDAS -- 17/06/2002 - 12:31 (JBVallim) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
REI MIDAS


Acordei. Logo ao começar a me barbear descobri que havia acordado como o lendário Rei Midas, só que ao contrário, tudo que eu colocava a mão virava merda! Era um daqueles dias em que eu deveria voltar para a cama, com a barba já feita é claro.
Mas não. Num súbito ato de bravura resolvi ir em frente e entrei para o banho, e é claro também que tive que sair de baixo do chuveiro para buscar um sabonete. Ainda com bravura me vesti, me perfumei e sai galhardamente para o trabalho, debaixo de chuva, pois meus dois guarda-chuvas haviam sumido! Se fosse o Fernando Sabino diria que isso era obra do "Caboclo escondedor". Mais tarde encontrei-os em minha sala no trabalho junto com uma quantidade de problemas que normalmente acontecem diluídos por um mês inteiro!
Ainda galhardamente fui enfrentando aqueles moinhos de vento até pela hora do almoço. Sai um pouco aliviado, mas um pouco temeroso que aquele era o dia perfeito para comer algo que acabaria me criando um problema gastro-intestinal. Almocei protegido pelos Deuses da gastronomia, que se não existem acabei de inventá-los e pronto! Mas foi na volta do almoço que meu dia foi salvo.
Estava na Avenida Paulista esperando o sinal para pedestres abrir para atravessá-la, quando ela apareceu. Era encantadora dentro de seu vestido pêssego. Em minhas indiscretas observações percebi que ela também estava nervosa, que seu dia não estava sendo diferente do meu. Olhava para os lados impacientemente, às vezes para cima para um céu que naquele momento era cinza, acho que cinza só para nós dois.
Mas ela encantava com o jeito que mordia os lábios, devia estar mesmo muito contrariada. Parei por ai. Deixei de observá-la, pois achei que não estava sendo discreto o suficiente, fixei naquele sinal que não abria para nós, simples pedestres e mortais.
Comecei a divagar sob a garoa que adoro e que naquele momento começou a cair. Estávamos próximos de uma estação do Metró e ela começou a despejar pessoas. Eram dezenas delas se amontoando às nossas costas e dezenas do outro lado da avenida. Comecei a divagar pensando naquelas batalhas medievais, onde em um campo aberto dois batalhões se preparavam para enfrentarem-se e percebi que ali o embate seria no meio da avenida.
Não resisti e me dirigi para aquela bela mulher ao meu lado pedindo para ela me esclarecer antes que tudo começasse, se seriam todos nós ali daquele lado contra todos os outros do lado de lá? A reação dela foi surpreendente, começou a rir num crescendo, e bastou eu completar animado que me parecia que estávamos em maior número, e ela descambou para a gargalhada.
Atravessamos a avenida, ela numa crise de gargalhadas e eu rindo das gargalhadas dela. Já do outro lado, ela ia para o sentido oposto do meu, parou e tentava me dizer algo sem conseguir e eu tentei ajudá-la apontando para mim mesmo e dizendo "palhaço", no que ela imediatamente concordou fazendo um sinal de positivo!
Nos afastamos. Olhei ainda algumas vezes para trás e ainda a via, também olhando e ainda rindo. Naquele momento meu dia estava salvo, e acho que salvei o dela também.
Passo por ali quase todos os dias, normalmente nos mesmo horários e nunca mais a vi. Fico pensando às vezes se ela ainda se lembra daquele "palhaço", se comentou com alguém e se ao fazer voltou a ter um acesso de risos. Enfim, só posso dizer que me lembro muito bem dela.
JBVallim
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