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Cronicas-->Tudo Sobre Nada -- 18/06/2002 - 20:36 (Daniel Amaral Tavares) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Viver é relacionar momentos felizes a momentos que serão felizes. Viver é juntar o passado ao futuro. Viver é prender a respiração e soltar. Viver é sonhar nesse mundo.

Sonhar é pensar alto. Sonhar é também não pensar. Sonhar é ver um filme num cinema particular. Sonhar é não estar. Sonhar é ir além. Sonhar é ser no futuro. Sonhar é viver em outro mundo.

Estava pensando nas coisas com as quais nos deparamos ultimamente (no imaginário transe coletivo da mídia) e que são servidas como alimento para nossa inteligência, para nosso entretenimento e para nossa informação. Finalmente vivemos no mundo onde menos vale mais.

Com essa constatação feita, resolvi que de agora em diante serei um escritor de nada. Para combinar com o mundo atual, deverei simplesmente ser um escritor de nada. E sendo assim não poderei escrever sobre tudo. Serei conhecido e admirado apenas por ser um escritor e para tanto, basta a fama. Todos irão comentar e certificar que finalmente o Brasil tem um escritor à sua altura. Através de várias ações de merchandising e de marketing de rede, farei com o que o lançamento do meu livro "Folhas Brancas" chegue aos ouvidos da imprensa em geral. Posso até mesmo prever as inúmeras entrevistas que darei. Irei ao programa da Hebe e do Fábio Júnior, serei convidado para os principais camarotes no carnaval. Serei capa da revista Boa Forma onde darei dicas de uma nova dieta, na revista Chiques e Famosos contarei sobre meus relacionamentos e darei dicas de como ser feliz. Na revista Você ensinarei como não ser você mesmo. Também ensinarei alguns pratos de culinária no programa da Ana Maria Braga, serei convidado para festas de casamentos e bailes de debutantes. Farei propaganda de xampu para cavalos, falarei sobre os benefícios adquiridos com a famosa cartilagem de tubarão.

Poderei também dar entrevistas explicando a todos como se tornarem pessoas famosas. Afinal, é disso que o mundo e as pessoas precisam: de fatos fictícios representados por pessoas de verdade e de fatos verdadeiros representados por atores.

Dentro dessa mesma conversa, outra coisa que sempre me vem à cabeça é a "vocação" que algumas pessoas têm de viverem num mundo de ficção enquanto outras vivem no mundo dito real. Talvez, no fundo, todos nós acabamos vivendo alternadamente nesses dois mundos (retornando a clássica questão da vida que imita a arte ou da arte que imita a vida).

A verdade é que vivemos em um mundo que valoriza ícones e ídolos sem valor - personagens vazios e desprovidos de conteúdo. O mundo real dos problemas, das verdades e desafios, é um mundo que não nos interessa, é um mundo intruso.

Dois filmes que estão em cartaz ( "Talentoso Ripley" e "Being John Malkovich") tratam desse assunto, mostrando a fuga do homem de si mesmo. De forma muito criativa são retratadas situações que ilustram o desejo em ser o que não se é, apresentando o homem camaleónico, sem referencial próprio, movido à inveja.

Diante dessa necessidade atual do homem de se reconhecer, criando ou identificando um estereótipo de imitação, é que se explica o sucesso das pessoas que são nada e se tornam famosas apenas por serem famosas. Muito simples: sendo apenas famosas e mais nada, essas pessoas podem ser tudo também. Enquanto consumidor eu posso decidir se a bunda da Carla Perez é inteligente ou não, se tem bom caráter ou não... e assim posso me reconhecer nessas pessoas (e nessas bundas) criando para mim mesmo uma cara para nada.

Em contrapartida já que essas pessoas não são nada além de serem famosas, elas também podem se dar ao luxo de serem tudo ou de serem qualquer coisa. Elas podem ser putas ou defensoras do lar, podem acreditar em um deus num dia e amar a todos os outros em outro dia. Podem gravar um disco com canções sertanejas ou podem comprar um trio elétrico. Esse é o mundo em que menos é mais. É a partir dessas considerações que quero sustentar o projeto em me lançar como um escritor de nada. Vou ocupar o espaço do escritor entre as pessoas de nada. E assim planejo minha carreira literária rumo ao nada. Um escritor que será reconhecido por não escrever nada. Em cada página do livro "Folhas Brancas" todos se encontrarão e se identificarão. "Folhas Brancas", um relato verdadeiro que irá modificar sua maneira de ver o mundo. Um mundo de homens de nada e de mulheres de nádegas. Viver é sonhar nesse mundo, sonhar é viver em outro mundo.

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