Passamos por tempos tensos, bastantes difíceis mesmo. Creio que isso não tenha sido novidade também para as pessoas das outras eras, de outras épocas e lugares. Porém tanto nos dias atuais, como nos dias passados, existem e existiram diversas formas de aliviar-se das angústias.
Alguns preferem os bares, onde na companhia dos amigos livram-se das “neuras” e maus humores. Outros preferem passar horas divagando sobre tolices sem a preocupação com o futuro ou atividade responsável.
Muitos se utilizam das drogas, para em bacanais, descontarem e abusarem de crianças indefesas, mas que podem suportar a agressividade louca dos insanos impunes.
Por falar em violência contra crianças indefesas veio-me à memória um caso muito conhecido no Brasil, ocorrido em Vitória, no Espírito Santo em meados da década de 70.
Trata-se do crime contra Araceli Cabrera Crespo, de 8 anos, que desapareceu no dia 18 de maio de 1973, quando regressava do Colégio São Pedro, para a sua residência, em Vitória.
Ela trajava vestido azul com blusa de manga, tendo as iniciais SP grafadas em vermelho. Seu pai, Gabriel Sanches Crespo, pensando tratar-se de seqüestro, distribuiu fotografias da filha aos jornais, com o anúncio.
No dia 24 de maio o corpo de Araceli, nu e desfigurado com ácido, foi encontrado em um terreno baldio, junto ao Hospital Infantil de Vitória.
Segundo os jornais os suspeitos do crime eram Paulo Helai e Dante de Brito Michelini, jovens membros da alta sociedade capixaba, conhecidos por promoverem festas nos seus apartamentos, na Praia do Canto, num local conhecido como Jardim dos Anjos onde drogavam e violentavam meninas.
Paulo e Dantinho lideravam um grupo de viciados que costumava percorrer os colégios da cidade em busca de novas vítimas.
Ao contrário do que se esperava, a família da menina silenciou diante do crime. A mãe de Araceli, Lola Cabrera Sanches viciada em cocaína, foi acusada de fornecer a droga para pessoas influentes da região, inclusive para os próprios assassinos.
A amante de Paulo Helal, Marisley Fernandes Muniz declarou em Juízo que Araceli foi dopada com forte dose de LSD e violentada. O perito carioca Carlos Eboli constatou que a causa mortis fora intoxicação exógena por barbitúricos, seguida de asfixia mecânica por compressão.
Apesar da cobertura da mídia e do empenho de alguns jornalistas, o caso ficou impune. Araceli só foi sepultada três anos depois. Sua morte, contudo, ainda causa indignação e revolta.
O Dia Nacional Contra o Abuso e a Exploração Sexual Infanto-juvenil foi criado em 18 de maio de 1998 para manter viva a memória nacional, reafirmando a responsabilidade da sociedade em garantir os direitos de todas as crianças brasileiras. O lema do movimento é “Esquecer é permitir. Lembrar é combater”.
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