286 usuários online |
| |
|
Poesias-->Trem desgovernado -- 24/10/2002 - 12:25 (Renato Souza Ferraz) |
|
|
| |
Trem desgovernado.
Roda o mundo,
No seu compasso.
Numa de suas ferrovias
Viaja um trem...
Aproxima-se um novo século,
Com a virada do milênio.
Há vagões conservados...
Outros bastante deteriorados,
Por falta de manutenção.
A vida continua...
O maquinista guia trôpego.
Os passageiros que se danem...
E que esqueçam o que ele jurou
Durante o curso de direção defensiva.
Alguns embarcaram por pânico,
Disseram-lhes que não havia outra opção.
Outros foram enganados mesmo:
Pegaram o trem com destino errado.
Não sabiam sequer ler o bilhete ou a placa indicativa.
Poucos sabiam seu destino...
Porém muitos tornaram-se cegos,
Não enxergaram a esmola grande
Que lhes foi ofertada.
Nos vagões mais velhos, a maioria...
Há gritos e há choro:
O desconforto é total.
Ainda aumentaram-lhe o preço do bilhete
Durante o percurso:
Noutra moeda mais forte...
Na primeira classe,
Além do excesso de vaidades,
O cardápio é caviar...
Mas somos passageiros de um mesmo trem:
Trem da agonia!
Que se descarrilar, todos se acidentarão:
A maioria, gravemente...
O maquinista não se entende
Com seus ajudantes- de- ordem.
O trem precisa de manutenção há quatro anos...
Mas eles estão surdos e não querem parar.
A companhia que financiou esse trem,
Financiou Mal Intencionada,
E agora cobra a fatura...
Não importa a sua realidade.
Desde que todos paguem cada vez mais caro.
Mas os passageiros precisam fazer valer seus direitos
De consumidores!
Maquinista e ex-maquinista travam
Queda-de-braço, publicamente.
Há mais de um maquinista nesse trem:
Um de fato, outro de direito.
Ainda há metade do percurso a percorrer...
Os passageiros irão aguentar?
O tempo dirá...
Renato Ferraz.
23/02/99
|
|