Fazei de mim instrumento de vossa perdição.
Entre quatro paredes, entre silentes e langues sussurros.
Como um leve tocar, sentimentos põem-se a mostra
Deixa apenas impressionar, afim de não causar-lhe dor ou padecer.
Sente o que nos traz à soga,
Ignora-o como remédio de tua agonia
Sabes o que se passa,
mas deixa queimar esperando que desoprima o que não podes evitar.
Entre estes ventos, passam meus medos e mais tenros sentimentos
Ignore-os outra vez cavaleiro imprestável,
e se torne insípido entre mais uma de minhas dores.
Deseja a mim,
mas custa não comparar-me a teus próprios defeitos
e usar-me como objeto a saciar a si mesmo.
Pedirei apenas para me confinar depois em tua culpa,
Vendo que esta não existe, também não existirei
Me enfia então em tua inconsciência, cadavérica, absurda.
Faça-me crer em ti,
e definhar fazendo-me esquecer do que fazes a mim.
Julga-me e condena-me a morte mais lastimosa,
Afim de esquecer teus sussurros, tuas lascivas palavras
E teus pensamentos iníquos.
Mata-me antes que eu cometa adultério aos meus princípios
E faça de mim mesma instrumento de meu suicídio.
Marilha Neves
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