Seguro a mão da rija morte,
Em uma intérmina queda de braço,
E nesse surto psicótico radioso,
Me miro um louco.
Amanhã estará tudo aqui (denovo)
Nada novo,apenas sem tempo,
Entretido com as fases de uma lua,
Ninfa!Traga-me o azedo seio de frívolas mulheres.
Não preciso mentir
Não me justifica o preço
para o que se venha tê-las, e a perde-las.
Agora vivo, e junto ao relógio envelheço
Tosco viver, tosco morrer
Meus vermes serão meus companheiros pútridos
Serão habitantes de um novo mundo,
Se alimentarão de minha massa encefálica
Pena deles que não possuirão minhas idéias
Apenas as comerão.
O declínio do ser, onde escritos póstumos
Servirão como papel higiênico de outras mentes.
Falo, não me calo aos ditantes.
Tenho os meus seres mutantes, habitantes de minha boca
Sopa salivar, incubida de tratar desses assuntos.
O mundo não me existe, pois esquisitice não me passa
Nem este ser bizarro
Que cavalga dionisíaco por minhas veias.
Este campo de concentração terrestre,
Onde um sopro embraseia região
Pélvica, pornográfica, movimento frenético de morte
Esta música repetida, que me faz sentir a agonia
Deste exaurido termo,
Acontecido diário, que diariamente é escrito
Para passar-lhes notícias
Do ópio que põem
em nossas câmaras de suicídio.
Marilha Neves
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