O nome dela era Raquel. Não que ela houvesse dito, mas ele ouvira quando a amiga a chamara. Linda! Os olhos brilhantes e cheios de personalidade, desses que quando fitam lançam chama. A boca, então, nem se fala. Carnuda, rosada, macia. Narizinho como que esculpido por Michelàngelo. Perfeita!
Apareceu numa tarde quente de segunda-feira. Ele passou por ela apressado e nem viu mas, depois, ao se dar conta da beleza estampada ali na sua frente, não póde sequer disfarçar. E ela percebeu, é claro. E retribuiu sutilmente. Fez dessas artimanhas que só as mulheres sabem fazer. A arte da sedução. Soltou os cabelos longos e loiros e balançou suavemente na frente do rosto dele. Imediatamente aquele perfume invadiu sua alma. Inebriante! Que charme, meu Deus, que charme!
E como era simpática a danada. Falaram pouco, cerca de 15 minutos, suficiente pra que ele a quisesse ter ao lado dele pra sempre. Olhava pra ela e imaginava milhões de coisas. E ela o encarava com aquele olhar de tirar pedaço. Olhos grandes, mel. Doces como a própria cor.
Ele vendia biquínis pra amiga dela e ela se lamentava não poder levar um. Ele oferecia os mais lindos, ela fugia pro provador onde ele queria estar e voltava dizendo que ficara perfeito. Pudera, imaginava ele. Seu corpo parecia uma obra de Renoir. Ele observou pelo vestido que os seios não eram fartos. Viajou por entre as formas e se deliciou com cada detalhe inexplorado daquela menina. Insistiu mais uma vez pra que ela levasse o biquíni. Os olhos brilhavam diante deles, mas ela recusava lamentando a falta de grana. Ele já estava a ponto de dar a ela como presente. Mas se conteve, até agora não entende por quê.
Os 15 minutos passaram e levaram aquela beleza dele. Até o sol se foi em protesto. Provavelmente não a verá nunca mais. Ou talvez a veja. Talvez se encontrem um dia. De repente até se casam, quem é que sabe o dia de amanhã? Agora, ainda que nada disso aconteça, ele jamais vai se esquecer da ligeira e eterna paixão trazida naquela tarde quente de segunda-feira.