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Contos-->AS AVENTURAS DO BALELA (1) -- 15/08/2002 - 16:02 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AS AVENTURAS DO BALELA (1)


Seu nome de batismo é Joaquim Maria Machado. Suprime-se o “de Assis”, porque alguém cantara para o pai dele, que esse seria um nome sem originalidade. Que ele não iria jamais lavar as botas do maior escritor. Começaria, no entanto, lavando carros, no oitão do mercado público, bairro pobre, na zona norte da cidade. A escola pública, abandonada logo no primeiro ano, da primeira série, legara-lhe uma corajosa herança: se virar sozinho, tornar-se um “self-made-man”, que nem dizem os ingleses. Assim dito, assim feito. Aos domingos, em casa do padrinho, ficava pelos cantos, calado, com um bloquinho amassado e manchado de tempo, anotando o que lhe interessava.
Esse interesse, eclético, multifacetado, conduziu o menino para um certo destino: seria vendedor de sonhos. O tio, espantado com a disposição do garoto, jogava, na maioria das vezes, aquele balde d’água gelada. E começou a chamá-lo de louco, pirado e contador de balela. “Ah, deixa de balela, menino”. De tanto ouvir essa palavra, os primos de quase a mesma idade do Joaquim Maria, inauguraram a semana da balela, que eles depois vieram saber o que significava, através de um vizinho professor. A semana ficou tão conhecida, tão celebrizada fora dos limites do bairro, que o apelido mais original que encontraram para o Joaquim Maria, foi “balela”. E assim, toda a comunidade o rebatizou, a fim de libertá-lo da sina que carregaria pela vida afora: ser comparado ao maior escritor.
Passaram-se os anos, esfumaçou-se na lembrança o bairro onde brincara a infância, onde perpetrara a adolescência.
Hoje, o Balela, homem feito, é produtor de um programa semanal numa emissora de televisão, cujo dono, desde tenras e priscas eras, vendia outro tipo de sonhos, no papel de camelô, no centro de uma cidade qualquer. No gabinete do Sr. Balela, como é tratado pelos seus súditos, há uma estante onde se pode ver, ao entrar, uma coleção de capa dura vermelha e lombada em ouro. Trata-se de um certo escritor, que, muito talentoso, conseguiu tornar-se gente de renome, contando um certo e exigente tipo de balelas.


WALTER DA SILVA
Aldeia, Camaragibe, agosto de 2002.
Extraído de “CONTOS D’ALDEIA” ®

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