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Poesias-->Contramão -- 24/10/2002 - 23:22 (Renato Souza Ferraz) |
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Contramão
No habitat onde moramos
Todos têm seu papel a desempenhar:
O beija-flor, com seu simples gesto.;
A formiga pacientemente.;
E a abelha a nos ensinar!
Vejo o trabalho como inerente à condição humana.;
Condicionalmente pela própria sobrevivência!
Como justificar um projeto humano que o exclui da ação?
Eis um desafio nos dias atuais, com o avanço da tecnologia.
Estar desempregado é uma aberração.;
É mendigar do bom humor da estressada sociedade.
O trabalho é a identidade de um ser.;
É mister que o homem alavanque o progresso
Desde que reciprocamente este se reflita para o bem comum,
Como o é o fruto de uma incauta árvore.
O desemprego do homem sem justa causa
É a sua falência como maestro dessa grande orquestra.
Nada mais dignifica o homem que trabalhar.;
Estar a serviço deste grandioso e misterioso projeto de vida.;
Que nos foi legado sabiamente.
Mas o que vemos é uma inversão desta ordem.;
É a sumária exclusão de uma massa crescente de homens
Das suas atividades, aumentando os índices de miséria...
As filas de desempregados,
Atrás de vagas, poderiam até ser naturais.;
Se as mesmas existissem.
Mas o que assistimos é humilhante.;
Terminantemente deprimente.
É um beco sem saída.
Como uma ferida aberta que não sara.
Estamos globalmente encurralados,
Com tanta riqueza, servindo a tão poucos.;
Subtraindo cada vez mais a essência humana
Em detrimento de um pomposo desperdício dos que detêm o poder.
Um homem na sua fundamental forma de viver,
Constituindo uma família, com seus compromissos básicos,
Não pode sentir-se desempregado e inútil por exclusão...
Ao ver olhos de filhos pedintes e a mesa vazia,
Privados da própria sobrevivência.;
Clamando pelo essencial, a comida!
Chora ferido mortalmente.
Não há palavras que o console.
Um organismo internacional poderia criar prioritariamente
um mutirão do emprego.; um sistema cooperado sem fronteiras...
Todos contribuindo.; mais quem mais possui.
Com menos armas e cada vez mais escolaridade.;
Mais moradia e menos cargos supérfluos nas estruturas do poder.
Mais saneamento básico em troca de um ostensivo desaparelhamento das máfias da droga
Menos juros altos para poucos e maior combate a sonegação de impostos dos abastados
Criar-se-ia um imposto para os ricos, em prol da criação de uma escalada de empregos,
Monitorado por um órgão máximo, sem tutela, para administrar o desemprego.
Com ações contundentes diminuir-se-ia a miséria
E o homem retomaria as rédeas do seu galope.
O tempo urge!
Oxalá não seja tarde e haja espaço para a salvação.
A violência urbana está aí...é um recado, uma reação!
Renato Ferraz
02/99
refe_99@yahoo.com.br
Renato Ferraz
16/05/99
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