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Artigos-->O que eles tinham de tão especial? -- 01/08/2009 - 11:24 (Carlos Claudinei Talli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O que eles tinham de tão especial?

Carlos Claudinei Talli



Eu, que há muito tempo venho dizendo da importância de se ter um ou mais líderes num time de futebol, outro dia, num desses devaneios de fim de tarde, me fiz uma pergunta: o que faz com que esse tipo de jogador se torne ‘o comandante do navio’?



Antes de chegar à resposta, constatei que todos eles são elementos que agregam valores positivos ao time: união, trabalho, inteligência, obediência ao sistema tático, coragem nos momentos difíceis e, principalmente, humildade para, na maioria das vezes, ver as glórias serem atribuídas a outros jogadores que, na realidade, não mereceriam ser tão reverenciados.



E, apesar disso tudo, eles continuam por anos a fio (15 - 20 anos) carregando o piano para que outros usufruam os resultados.



Pensando no que até aqui colocamos, quantas injustiças se cometem no futebol, principalmente por aqueles que deveriam ter a percepção correta do jogo, os profissionais que trabalham na mídia esportiva, os chamados “especialistas do futebol”!



É só observarmos quantos gols são evitados pela excelente colocação, por exemplo, de um líbero ou de um centromédio à moda antiga, tipo Baresi ou Beckembauer, ou mesmo de um Dunga!



Impedir um contra-ataque fulminante do adversário, que fatalmente acabaria em gol, é matematicamente tão importante quanto aquele único gol que o artilheiro conseguiu marcar. Só que, durante uma partida, inúmeros gols são salvos dessa maneira, e poucos são convertidos! Só por esse exemplo, dever-se-ia perceber quem realmente é mais importante no esquema tático de um time.



E o que chama a minha atenção é que geralmente o líder do time é justamente esse tipo de jogador acima lembrado, principalmente quando tem categoria e inteligência bem acima da média. Aqui, eu coloco também o meia-armador.



Nestes 50 anos em que acompanho e me lembro de futebol, desde meados dos anos 50, nos grandes esquadrões que se formaram, eu me recordo de Zito na seleção de 58 e por 15 anos no Santos de Pelé, de Didi na mesma seleção e no Botafogo dos 60, de Piazza e Tostão (então, um meia) no Cruzeiro de meados dos 60, de Dudu no Palmeiras do final dos 60 e início dos 70, de Gerson na seleção brasileira de 70, de Beckembauer e Overath na seleção alemã de 74, de Cruyf no carrossel holandês de 74, de Andrade e Zico no Flamengo do início dos 80, de Sócrates e Zenon no Corinthians desse mesmo período, de Pintado, Dinho e Raí no São Paulo de 92-93, de César Sampaio e Zinho no Palmeiras de 93-94, de Dunga nas seleções brasileiras de 94 e 98, de Rincón no Corinthians de 98-2000.



E o que, além da inteligência, categoria e humildade, esses jogadores tinham em comum?



Eu pensei, e pensei, e....pensei, e cheguei a uma conclusão – e posso estar errado -: todos eles, indistintamente, não gostavam de perder em hipótese alguma, ‘nem mesmo uma partida de botão!’ E, além disso, eles sempre mantiveram a coerência entre o que exigiam de seus companheiros e o que eles próprios faziam em campo. Essas duas características explicam, a meu ver, o sucesso desse tipo de jogador.



Mas o que mais chama a atenção em suas carreiras é que, apesar da maioria ser composta por foras de série do futebol, sempre jogavam de forma coletiva. Mesmo quando individualmente tinham realizado uma exibição primorosa, e muitas vezes após uma vitória importante, só saiam de campo satisfeitos se o time todo também estivera bem. A busca do melhor desempenho tático sempre foi o seu maior diferencial.



O interessante é que eles quase sempre passaram uma imagem de jogadores sérios, que raramente perdiam o controle da situação. Até mesmo, com raras exceções, de jogadores calmos. Mas isso era pura ilusão. Por dentro, sempre estiveram fervendo. Eles apenas conseguiam enganar bem. Essa é mais uma qualidade escondida no cerne destes formidáveis jogadores. É só ouvir as histórias sobre o comportamento deles no vestiário, antes e após as partidas.



Vocês já devem ter observado que a minha relação de líderes termina em Rincón e Dunga, pois nem procurando com uma ‘lanterna de Diógenes’ consigo enxergar um líder no futebol atual!



É claro que esse tema encerra outras variáveis, que aqui não foram abordadas, entretanto, talvez tenhamos lembrado alguns detalhes importantes que poderão estimular a própria análise dos amigos leitores.



E eu acredito mesmo que essas ponderações podem ser estendidas para qualquer atividade e para qualquer tipo de liderança, pois o futebol é uma perfeita amostra de como as coisas acontecem e funcionam dentro da sociedade humana.



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