Quem pode traduzir o canto dos passarinhos e dizer com certeza se é lamento ou louvor? Seja como for, há sempre algo de belo, estejam eles livres ou em cativeiros.
Não poucos capítulos da Bíblia (em especial, alguns salmos) foram escritos em meio à mais aguda tristeza ou no ponto mais alto da desesperança. Filtrados, lapidados e adaptados, atravessaram fronteiras espaço-temporais e cabem em brados de guerra, hinos de vitória ou belíssimos cânticos de louvor e adoração.
A expressão da melancolia, quase sempre, é rejeitada, rechaçada e duramente censurada nas diversas produções artísticas. Quadros, esculturas, peças teatrais, filmes e romances têm passado por esse crivo implacável. Como não passariam meus versos?
Mas cabe perguntar: Acaso tem algum sentimento quem desconhece a dor? Terá sobrevivido quem, porventura, nunca chorou? Onde as respostas? Talvez nas tentativas, talvez no falso riso, quem sabe no silêncio ou, ainda, nas evasivas...
Se, entretanto, respostas não houver, que importa? Importa entender que verso triste não é pura e simples melancolia, não é tão-somente a expressão da dor que dói na alma ou a voz do ressentimento.
O grito que se vai desfazer no ar será antes arrancado de dentro do peito. A lágrima, antes de ser enxugada, vai escorrer pelo rosto. E a tristeza continuará seu percurso até encontrar o seu final: o ponto onde irá desaparecer, dando lugar a um sorriso tranqüilo e um olhar apaixonado que vão salpicar os novos versos de amor, desejo e paixão...
Professor Buza
setembro 1995
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