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Contos-->Visões do Paraíso -- 16/08/2002 - 17:29 (Cleber Lussana Sana) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu nunca acreditei muito nesse negócio de céu e inferno, de paraíso depois da morte, mas agora pensando bem, acho que é bem provável que isto exista. Na verdade tem que existir, deve haver um motivo para se sofrer tanto durante a vida, deve sim, isso, isso mesmo, esse é o sentido de uma vida de sofrimento, é alcançar o paraíso, a vida eterna.

Então vamos lá, um, dois, três e arrrghhhhh... arrghhhhh...meu como isso dói! arrghhhh...tá escurecendo, deve estar chegando, arrghhh...

Tudo escuro, a dor passou mas não consigo me mexer. Que será aquele pontinho de luz na direita? Queria ir para lá, mas como se não consigo me mexer. Epa!, esse treco tá crescendo, vem vindo para cá, deixa eu fugir daqui, droga não consigo me mexer, esse negócio continua crescendo, parece que tá vindo para cá. Socorro alguém me ajuda, quero sair daqui. Ai que droga não vai dar! Então vê se acalma e agüenta o tranco.

Caramba! É só uma tela de cinema, mas que filme será? Humpf parece New York, é sim, tem até as Torres aquelas que o Cara aquele derrubou, Loja do McDonalds, a Disney?, Grand Canyon? uma Vitrine passando o Jornal da CNN? Gente, muita gente, aha é um protesto. Parece a América aquela que eu sonhava quando morava na favela. Muita diversão, dinheiro, mulherada peituda, trampo legal, salário melhor ainda, é seria o paraíso se fosse verdade. Putz agora to me lembrando dos anos em que eu trabalhei que nem cavalo, guardei uma grana, falsifiquei passaporte e fui pros State sonhando com tudo isso. Pois é, chegando lá o que eu encontrei. Racismo, trabalho de Gari, Babá ou Lavador de pratos, maluco me chamando de “negro sujo porco”, e o pior uma baita saudade da família.

Olha lá, agora tá aparecendo uma cadeia de montanhas, cobertas por uma floresta, tá se aproximando, já sei é um acampamento Zapatista, olha só tem muita gente parada olhando para uma espécie de palco, não, não, é um palanque. Lá estão o Sub Comandante Marcos, Fidel, Che, e um negrinho. Pérai o negrinho sou Eu. Aham já sei isso são os meus sonhos de ser um líder revolucionário, agora estou me lembrando, guardei uma grana que consegui trabalhando de Lava Pratos em NY e me toquei prá floresta me engajar no movimento Zapatista. Éééé, mais uma ilusão, me receberam muito bem, afinal precisavam de soldados, aí me mandaram para o treinamento, físico, técnico e tático, tudo beleza, só que aos poucos eu ia vendo coisas, com as quais eu não concordava, e fui ficando encucado, até que um dia eu falei para um companheiro, que eu não concordava com essa falta de liberdade de falar e pá, pronto acabou-se o sonho. Porrada para todo lado, parecia dia de Polícia no morro, só que não tinha a família para chorar junto, não gostou.... Porrada, reclamou.... Porrada.

O que será agora, só esse azul, gozado... caramba esse azul não acaba mais... e não acaba mais mesmo. Apareceu um negócio marrom e tá crescendo, e ligeiro, muito ligeiro, parece que vai bater Aí............ Ufa, não bateu em nada, agora tem gente, muita gente, muita gente mesmo, caminhando numa rua, uma rua grande, agora tá mostrando as lojas, é no Japão, claro aquele azul era o mar, aquele mar que não acabava mais. Agora to lembrando da viagem de navio que eu fiz quando embarquei fugido no México, e que viagem, parece que não ia acabar nunca, principalmente quando me descobriram e me puseram a “descascar batatas”, mas eu finalmente iria descobrir o paraíso. Toda a cultura e sabedoria oriental, aliadas a riqueza e modernidade da economia ocidental. Onde eu imaginava cultura e sabedoria oriental, vi trabalho 14 h por dia, 6 ½ dias por semana, sem reclamar e sempre de cabeça baixa, dinheiro no bolso é verdade, mas morando em um cubículo, comendo peixe cru, sem a minha família, de que vale o dinheiro. Mas pelo menos aqui eu aprendi o Harakiri. Por falar nisso, tá tudo branco na tela do tal cinema.

Continua tudo branco........... até que esse branco é legal..........

Continuo sem conseguir me mexer, o cinema tá ali parado branqui. Epa! Esse negócio está indo embora, e Eu, vou ficar aqui neste escuro? Volta! Volta! Estou com medo............Droga de escuridão, preciso sair daqui, e aaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh

Carambola! Esse lugar é legal, tudo azul, chão azul, mesinha azul, banquinho azul, cadeira, minhas hã, roupas, lago, bola, tudo azul, apenas os seres vivos tem outras cores, quer dizer, seres que eram vivos né, cara acho que estou no céu, melhor estou no paraíso. Um cachorro vem em minha direção. Será que ele vai me morder? É claro que não idiota, estamos no paraíso. Surpreendentemente o cachorro fala:

- Olá, bem vindo ao Paraíso.
- Você Fala?
- Claro, aqui todos falam a mesma língua. Fui escolhido para lhe explicar a única regra que existe aqui.
- Estou ouvindo pode falar.
- Podes fazer o que quiser, desde que isso não incomode aos outros “moradores”, se tu achares que pode incomodar, pergunte. Perguntar não ofende. Entendeu?
- Sim, Sim..


Procuro alguém da minha família, não encontro ninguém. Alguém aí sabe me dizer onde estão os meus familiares mortos?
Quem são? Deixa ver.......tem o Marcos, o André, o João e a Alicinha, que morreram na Candelária, Tem o tio Benigno, que morreu no carandiru.......Vovô Adroaldo e Vovó Maria que morreram em uma batida do morro.

O quê? Já voltaram todos! Rápido! Não?

É assim mesmo, quem não se adapta volta logo, e é melhor eu aproveitar os prazeres do Paraíso.

Tudo beleza, sombra e água fresca.
Água fresca e sombra. Sombra e água fresca. Água fresca e sombra. Sombra e água fresca. Água fresca e sombra. Sombra e água fresca. Água fresca e sombra. Sombra e água fresca. Água fresca e sombra. Sombra e água fresca. Água fresca e sombra. Sombra e água fresca.
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