Dois em cada três brasileiros não ingerem a quantidade adequada de frutas, legumes e verduras
12/08/2009 - Odontologia Social
Dois em cada três brasileiros não ingerem a quantidade adequada de frutas, legumes e verduras
As estatísticas comprovam: a saúde do brasileiro não está bem. E a alimentação é uma das grandes responsáveis por isso, juntamente com hábitos nada saudáveis como sedentarismo, uso de cigarros e álcool. Nos últimos anos, diversas pesquisas avaliaram como os hábitos podem interferir na qualidade de vida e no desenvolvimento de doenças crônicas.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a ingestão insuficiente de frutas, legumes e verduras é um dos fatores de risco para a grande maioria das mortes por doenças crônicas não transmissíveis como osteoporose, hipertensão, síndrome metabólica, diabetes, doenças relacionadas ao sistema nervoso central, diminuição da imunidade (doenças do sistema imune), doenças cardiovasculares, câncer de cólon (comprovado, no caso da falta de cálcio).
Consumo alimentar
Em 25 anos, o hábito alimentar do brasileiro mudou e, as mudanças não foram boas. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, realizada em 2003, verificou que o consumo de refrigerantes pelos brasileiros aumentou 400%, além disso, houve diminuição do consumo de peixes (-50%) e ovos (-84%) e aumento significante (300%) do consumo de embutidos (mortadela, lingüiça, salame e outros alimentos com alto teor de gordura e sal). Ainda este ano, o IBGE divulga a atualização do estudo, que avaliou 65 mil domicílios.
A pesquisa evidenciou ainda que o consumo de frutas, verduras e legumes se mostrou bastante aquém do mínimo recomendável para a manutenção da saúde, alcançando apenas 1/3 da recomendação de 400g pelo Guia Alimentar para a População Brasileira. Nas regiões economicamente mais desenvolvidas, no meio urbano e entre famílias com maior rendimento houve excesso de gorduras em geral e de gorduras saturadas.
Em 2006, o maior e mais completo estudo realizado no país sobre o consumo de micronutrientes, o BRAZOS, desenvolvido por pesquisadores da Unifesp em parceria com a Faculdade de Saúde Pública da USP, contribuiu para ampliar o alerta para a importância de adotar uma alimentação saudável. Especialistas observaram que dois em cada três brasileiros não ingerem a quantidade adequada de micronutrientes considerados essenciais.
Entre os nutrientes apontados como deficientes, destaca-se o cálcio, consumido três vezes abaixo da quantidade diária recomendada internacionalmente e a vitamina D, consumida até seis vezes menos do que o necessário para prevenir doenças como a osteoporose e a hipertensão. Situação semelhante acontece com vitaminas E, A, K, potássio e betacaroteno. Em 30% da população observou-se excessiva ingestão de gorduras e menor consumo de carboidratos.
O Vigitel - Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, do Ministério da Saúde, divulgado em 2008, confirma essa realidade. O consumo recomendado de frutas e hortaliças, conforme a OMS de no mínimo 400g, o equivalente ao consumo de cinco porções deste alimento, no Brasil é de 15,7% (sendo 12,6% para homens e 18,3% para mulheres), variando de 8,1% em Rio Branco e 22% em Florianópolis, a capital que apresentou o melhor índice de consumo.
27,8% dos brasileiros entrevistados pelo Vigitel afirmaram consumir refrigerantes em cinco ou mais dias da semana e 1/3 (33,8%), consomem carnes com excesso de gordura.
A Dra. Andréa Ramalho, autora do livro "Fome Oculta - Diagnóstico, Tratamento e Prevenção", explica que o consumo de micronutrientes abaixo do necessário ao organismo compromete várias etapas do processo metabólico, especialmente as alterações observadas no sistema imune, nas defesas antioxidantes e no desenvolvimento físico e mental dos indivíduos. A insuficiência de micronutrientes pode levar à Fome Oculta, que acomete uma em cada quatro pessoas no mundo, segundo o International Life Science Institute (ILSI), sendo considerado o problema nutricional mais prevalente.
Hábitos nocivos
As pesquisas também apontaram que falta atividade física na rotina dos brasileiros. O BRAZOS alertou para alta taxa de sedentarismo, 76%, sendo maior nas classes A e B (37%), do que nas classes D e E (15%). O Vigitel apontou 26,3% de inatividade física.
O tabagismo foi informado por 25% dos entrevistados do BRAZOS. A freqüência de fumantes no Vigitel é 15,2%, além disso, 4,5% declararam fumar 20 ou mais cigarros por dia.
A obesidade, fator de risco, para diversas doenças como a síndrome metabólica, está presente em 13% dos brasileiros, segundo o Vigitel, que apontou que 43,3% de excesso de peso. Os homens estão mais acima do peso que as mulheres (47,3% homens e 39,5% mulheres).
Em números
Estudo: Pesquisa de Orçamento Familiar
Quando: 2003 (período analisado 1974 a 2003)
Consumo doméstico de refrigerantes: + 400%
Consumo de embutidos (mortadela, lingüiça, salame e outros alimentos com alto teor de gordura e sal): + 300%
Consumo de peixes -50%
Consumo de ovos -84%
Consumo de frutas, verduras e legumes: 1/3 da recomendação de 400g pelo Guia Alimentar para a População Brasileira.
Alimentos básicos de origem vegetal (cereais, leguminosas e raízes e tubérculos): correspondem a cerca de 50% das calorias totais
Óleos e gorduras vegetais, gordura animal, açúcar e refrigerantes e bebidas alcoólicas - 28%
Carnes, leites e derivados, ovos - 18%
Frutas, verduras e legumes - 2,3% das calorias totais - 1/3 do índice recomendado (400g diárias ou cerca de 6 -7% das calorias totais de uma dieta de 2.300 kcal diárias, valor calórico correspondente à necessidade energética média estimada pela Food and Agriculture Organization (FAO) para a população brasileira.
Estudo: BRAZOS
Quando: 2006
90% da população consome cálcio abaixo da quantidade recomendada de 1.200 miligramas por dia. Quantidade não supera 400 miligramas por dia.
A ingestão de vitamina D é quase seis vezes abaixo do recomendado internacionalmente (10 mcg até 70 anos e 15 mcg acima de 70 anos) em 99% dos entrevistados.
99% também não consomem às quantidades de vitamina E indicadas, que devem ser de 12 mg/dl.
50% consomem menos vitamina A do que o mínimo recomendado.
80% dos indivíduos também não chega à quantidade ideal de magnésio (350 mg/dl em homens e 265 mg/dl em mulheres).
Vitamina C: enquanto a quantidade ideal é de 75 mg/dl, 80% da população está abaixo do recomendado.
Vitamina K está abaixo do recomendado para 81% da população.
Minerais (selênio, cobre, zinco, ferro e iodo): 40% abaixo do recomendado para o total da população e apenas 10% com consumo abaixo do ideal de ferro, ou seja, consumo de ferro está em bom nível na população.
Tabagismo: 25%
Sedentarismo: 76%, sendo maior nas classes A e B (37%), do que nas classes D e E (15%).
Obesidade:
Estudo: Vigitel
Quando: 2008
Consumo recomendado de frutas e hortaliças no Brasil: 15,7%
Consumo recomendado de frutas e hortaliças por homens: 12,6%
Consumo recomendado de frutas e hortaliças por mulheres 18,3%
Consumo de carnes com excesso de gordura: 1/3 (33,8%)
Consumo regular de refrigerantes (cinco ou mais dias da semana): 27,8%
Inatividade física: 26,3%
Freqüência de atividade física suficiente no lazer (prática de 20 minutos diários de atividade física intensa em três ou mais dias de semana ou de 30 minutos diários de atividade física leve ou moderada em cinco ou mais dias da semana): 16,4%
Excesso de peso: 43,3%. Homens estão mais acima do peso que as mulheres (47,3% homens e 39,5% mulheres)
A obesidade no Brasil é de 13% (homens 12,4% e 13,6% mulheres).
Freqüência de fumantes: 15,2% (4,5% declararam fumar 20 ou mais cigarros por dia).
Inatividade física: 26,3%
Fonte: XPress Assessoria em Comunicação
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