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cronicas-->Confissões de uma Campineira Revoltadíssima -- 21/06/2002 - 04:53 (Stanzi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Confissões de uma campineira revoltada

Olá. Meu nome é Constanze, tenho 19 anos, nasci e morei minha vida inteirinha em Campinas sempre ouvindo que cá terra de Carlos Gomes era terra de homossexual. Viados, ou eufemisticamente, campineiros mesmo.
Em minha inocência infantil achei apenas que estas coisas fossem lendas que, imagina, quando eu me tornar adolescente vou ter namorados normais (quá quá quá!!!) e mesmo apaixonados normais (QUÁ QUÁ QUÁ).
Pois é, cá estou eu à beira das vinte primaveras com apenas dois "namorados" no currículo. Boto entre aspas porque não foi nenhum namoro tradicional, mas não é este foco. O caso é que estes dois coincidentemente não eram de Campinas, não eram campineiros natos. De São Paulo, mais explicitamente. Eu, campineira, namorando dois paulistanos. Mas eu não sou uma campineira qualquer não. Eu sou *A* campineira. Orgulho-me de ter nascido nesta antiga Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Campinas do Mato Grosso de Jundiaí, morado anos na frente do marco zero desta outrora Vila de São Carlos, estudado no colégio Carlos Gomes, estudado piano no conservatório Carlos Gomes, ser rata de shopping center, vibrar quando andar nas ruas antigas da cidade, frequentar, quando criança, o parque taquaral e ter a Giovanetti como a melhor choperia do mundo. Sim, sim, ainda por cima tenho fama de arrogante e metidinha (e que campineiro não o é?), sou loira (e de que cor eram as antigas sinhazinhas?) e só não sou 100% campineira porque não estudo na UNICAMP nem gostava do Benito Juarez. Fora isso boto meus créditos à prova. Vamos ver quem é mais andorinha do que eu.
E eis minha triste história: aos 19 anos, solteiríssima. E quase desesperada porque a situação aqui em Campinas é grave: estatisticamente, é a cidade onde menos se namora (porquê será????). Os homens "normais" que têm aqui são casados e, infelizmente, bobos e apaixonados pelas sortudas. Portanto, sem chances de cometer uma "surrupiação". Os homens que moram aqui mas são de fora, vieram para estudar etc, são gays. Vêm aqui achando que é festa e sempre convertem mais um campineiro para o caminho "de trás", se é que vocês me entendem. Porque aqui todo mundo solta a franga. E quem paga pato? Nós. As campineiras. Pobre de nós. E nem lésbica dá para ficar porque o homossexualismo latente aqui é de macho para macho. Não existe mercado para mulher. Campinas é uma cidade extremamente machista.
E não bastasse a fama, iniciada no século XIX quando o filho do digníssimo prefeito Orozimbo Maia foi para a França e voltou com todos os hábitos franceses dando festas só para rapazes nesta antiga Vila, temos que arcar com o peso da realidade. Por isso cresci acreditando em Papai Noel, ué, se a lenda campineira acontece diariamente, porque Papai Noel haveria de ser apenas um conto de natal? isso está demais. Vou parar no Lar dos Velhinhos, depois ser enterrada no cemitério da saudade, ao lado do Prefeito, e ter por completo meu ciclo de vida de Campineira perfeita: nascida cá, crescida cá, morta solteira e, como diria nos antigamente, "com uma lágrima no túmulo", flor de laranjeira no vestido de defunta, porque morreu como uma verdadeira campineira: tendo todos seus homens perdidos para outros homens. Isso lá é morte digna?
Vou me mudar para São Paulo. Ou com muita sorte, na próxima encarnação nasço longe daqui. E se nascer em Campinas, quero nascer homem!!!


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