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cronicas-->A perseguida -- 21/06/2002 - 04:56 (Stanzi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Que dizer? Sou uma pessoa perseguida. E não perseguida por outra pessoa ou por um azar ou sorte (muito menos essa) mas por um número. Longe de mim ser Zagallo ou Wagner, cujo 13 segue até a tumba (no caso de Wagner). Mais precisamente sou perseguida por um "lugar". Não, não é aquela coisa afrescalhada de "de javú", sei lá eu como se escreve isso, mas falo de um determinado número/lugar que me toma a vida: o 2. Pior: o segundo.
Meu drama começa quando esta flor que vos fala brota da árvore dos Cucchi Rojo Rodrigues Silva diSantis (trecho descaradamente chupado de "memórias Póstumas de Brás Cubas", meu segundo livro favorito) na segunda quinzena de Janeiro. E pior: na semana do dia 20. Olha aí o 2. Pelo menos fui salva da ironia de ter nascido em 22 de Fevereiro de 1982. Alá poupou-me dessa. Mas me deu outras para compensar, muitas outras.
Que me recordo da escolinha até o extinto final do primeiro grau? Frequentemente fui a segunda da chamada, porque sempre havia uma Alessandra ou uma Ana Paula, Ana Flávia, Adriane ou Ana Carolina enxerida na minha frente e me tomava o primeiro lugar, me deixando rebaixada no pódium. Síndrome de Rubinho. Deve ser por isso que simpatizo com o rapaz. Raros foram os anos que tive eu como a primeiríssima da chamada, tão escassos quanto homens heterossexuais em Campinas.
Mas continuando: me formei técnica em publicidade (até hoje não descobri uma utilidade realmente prática para este título senão o descanso que deu em meu cérebro excluindo matérias como Química e Física da grade) e lá estava o segundo lugar a me espreitar durante os três anos. Concurso de logomarca, outdoor, roteiro, era sempre eu no segundo lugar. Ninguém me arrancava esta posição. Isso sem falar em ser representante de sala. Adivinha quem era a vice? Eu. A segunda mais votada. Muitas vezes era por dois votos, mas isso não influenciava minha ascensão. Minha sina foi sempre ser a Segunda. Nesses anos fatídicos, para encerrar com chave de ouro minha passada pelo técnico, me esperava o vilão justamente na saída. Minha classificação no Projeto Experimental não foi outra: segundo lugar.
Daí sim posso dizer que minha "Era do Dois" tem sua vida latente. Soltando a verborréia: escolhi o curso de publicidade como segunda opção e prestei na ESPM genérica, portanto, a segunda opção da segunda opção. Estou agora no segundo ano e é até interessante dizer que tive uma paixonite adolescente no segundo semestre por um homem que, diga-se, foi meu segundo namorado e que sempre me deixava em segundo plano. Dando eu meu segundo chute, coincidiu de eu partir para meu segundo estágio numa segunda empresa onde numa segunda-feira pedi rescisão (a segunda que peço) por não aguentar mais as grosseiras do meu segundo diretor de arte (o primeiro tinha debandado no segundo mês que me encontrava nesta agência). Ainda tem mais: sou atriz coadjuvante da peça que está sendo montada na escola de teatro, isso é, sou a segunda mais "aparecida". Fora que na época em que eu era uma aluna aplicada de piano, tinha sempre que aguentar minhas professoras primeiro babando em algum aluno prodígio para depois babarem em mim.
Ainda para completar meu desgaste moral, Campinas, meu bercinho, é a segunda maior cidade do Estado de São Paulo e a região de Campinas é a segunda do País a receber altos investimentos. Antes que me esqueça: Campinas é minha segunda cidade favorita. Perde para São Paulo.
Para finalizar com chave de ouro, basta lembrar que estou eu partindo para minha segunda década de vida. E isso me incomoda porque é um mistério saber se eu sobreviverei até a terceira. Enfim, acho que já escrevi muito vento nestas linhas, portanto, ouso parafrasear algumas palavras para pelo menos dar um peso "intelectual" neste desabafo, o segundo que muitos aguentam: se te agradou, pago-me da tarefa. Se te não agradou, pago-te com um piparote, e adeus. Grande Brás Cubas, grande Machado de Assis, que, diga-se é meu segundo escritor favorito.

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