Ondula no ar certa melodia
Junho.
Vento forte vem do norte,
se quebrando no morro
proteção dos pobres da praia.
Morro, enfeite da cabrocha descalça,
do malandro sem pátria,
lança tua sombra por sobre o mar.
Tampa aquele riso maldoso
que tanto bole com a gente.
Lança tua sombra sobre os abismos
das pedras... por sobre todos os corações
dos pobres da praia...
Deixe-os dormir seus sonos sem sonhos,
onde a alegria reina em cada barracão.
Morro, protuberância do chão!
És uma verruga da sociedade.
Somos teus irmãos!
Quantas canções te fizemos?
Nem sequer podes imaginar!
Repara!
Cada vez que um canto sobe
aos teus domínios ( esses domínios
perto do céu ), e consegue chegar
aos teus ouvidos: essa canção é tua.
Te pertence... és nosso protetor!
Quantas vezes, eu mesmo, deitado
aqui na areia, não pousei meus olhos
em tua beleza? Inúmeras!
Morro, cobre a lua!
Cobre-a para que eu possa sonhar,
e talvez
fazer um pequeno poema
para te agradar...
Pezente.
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