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Artigos-->A partilha da África e os Procesos de Independência -- 22/08/2009 - 20:02 (Maria de Lurdes Mattos Dantas Barbosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Partilha da África e os Processos de Independência

Contextualização Histórica





A África viveu no isolamento durante muito tempo, devido a dificuldade de penetração, mas nem por esse motivo é desprovida de história, ao contrário, seu passado é constituído de muita opressão.Foi palco para gerações de exploradores, sábios, missionários traficantes de escravos, etc. Esse povo edificou na África a miséria, o caos, enfim, a barbárie. É realmente uma história triste, mas como diz Zerbo, como toda a história da humanidade, a da África é uma história de uma tomada de consciência. E nesse sentido deve ser reescrita. E, as dificuldades específicas da história da África, são constatadas na observação das realidades da geografia física desse continente.

A tomada de consciência dos africanos aconteceu pelo fato da colonização européia ter extrapolado e montado um quadro de muita miséria, utilizando-se de mão-de-obra barata para a grande exploração de diamantes e outros metais naturais e preciosos, com base nos conhecimentos tecnológicos que tão bem conheciam. Com isso, naturalmente seus países se tornavam cada vez mais ricos e conseqüentemente mais fortes. Enquanto que a África cada vez mais explorada, assistia o seu povo ser humilhado e cada vez mais pobre. Os africanos não eram totalmente passivos. Em seus íntimos clamava o fugor da liberdade, no entanto, como disse, Francisco Romão: Os seus anseios de independência e liberdade eram sufocados pelo arbítrio, repressão e morte.

As marcas deixadas pela colonização européia são ainda nos tempos atuais inesquecíveis. Afirma Francisco Romão que o continente africano é considerado como sendo o berço da civilização mundial, ainda assim, foi duramente violentado pela ocupação européia e todos os seus valores; muitos ainda em formação foram reprimidos em detrimento de outros valores, diferentes da realidade vivenciada por eles.

A população africana, durante o processo histórico de criação dos Estados e nacionalidades, conheceu a ocupação de suas terras e, sobretudo, a terrível escravidão. As populações oriundas de diversas etnias foram levadas para as Américas para servirem de escravos. Esse processo escravista durou muitos séculos e despovoou todo o continente. O tráfego de escravos nesse sentido foi claramente um dos fatores que dificultou o tão esperado desenvolvimento da sociedade e da economia da África!

Os negros foram maciçamente massacrados; conduzidos em condições sub humanas para embarcações superlotadas. Sofriam com a má alimentação e com as doenças e, quando isso acontecia, eram jogados ao mar por estarem fracos e doentes.Os que chegavam ao destino predestinado sofriam humilhações, castigos e torturas. Às vezes, os maus tratos os conduziam à morte. A tomada gradativa de consciência dos africanos, aconteceu após o massacre e o caos em que foram obrigados a vivenciar.

No século XVIII, após inúmeros movimentos abolicionistas, tanto na Europa quanto na América, finalmente foi registrada a abolição da escravatura. No entanto, não foi dessa vez que o negro africano pode ver realizado o seu sonho de liberdade. Ao contrário, continuaram como simples servidores dos interesses do império, sem direito a educação e a saúde. Esse estado de dependência continuou após a partilha do continente, decisão tomada em 1878 durante a Conferência de Berlim. Foi justamente após essa Conferência que os recursos naturais foram extremamente explorados, quando na verdade, os exploradores tentavam mostrar ao mundo que existia certa igualdade entre os colonizadores e colonizados e, para tanto, utilizavam mecanismos sutis. Para exemplificar:

Foram abertas instituições escolares para os negros construíram-se casas populares para as chamadas populações indígenas e foram admitidos negros nos serviços de administração pública e no exército.

(1991,.p.132)

Na verdade, foram muitas poucas as pessoas beneficiadas por essas medidas, desde quando, a maioria do povo africano, continuava a viver em condições sub humanas.Esse fato foi caracterizado como uma farsa criada pelos colonizadores para efetivamente iludir o mundo, favorecendo as suas imagens, como promotores da igualdade e conseqüentemente dos Direitos Humanos.

A tomada de consciência foi criando forma nas mentes africanas, a luta pela liberdade já não era somente um sonho longínquo,a utodeterminação era uma realidade agora. As idéias de nacionalismo passaram a fazer parte do cotidiano.E, dessa forma, o movimento anticolonial na década de 40 e início de 50, foi muito expressivo.A nova ética fundada pelas Nações Unidas, aliadas ao clima intelectual e político do século XX, assim como, o enfraquecimento e a perda da influência das metrópoles coloniais européias e a substancial alteração do equilíbrio mundial do poder, foram fatores de suma importância que corroboraram para a efetiva tomada de consciência dos africanos em sua força de concretizar uma ação verdadeiramente emancipadora. Esse estado de acontecimentos deu início ao declínio do colonialismo.

Os congressos e conferências, as campanhas de propaganda intensiva realizadas pelos líderes africanos, foram fatores decisivos para o processo de descolonização; caminhos trilhados na dura e árdua tarefa em busca da independência. Naturalmente que esse processo foi lento, gradativo.

Em 1960, um grande número de países conseguiu suas independências. Mas para que a independência pudesse ocorrer, eram necessários alguns critérios básicos como as condições para transformações políticas e constitucionais, infra-estrutura mesmo rudimentar e, sobretudo, a maleabilidade da metrópole no processo de transição do colonialismo para que a ampla soberania pudesse ser feita de forma pacífica e equilibrada.

As lutas de guerrilha aconteceram durante anos na Argélia, Moçambique Angola e Guiné-Bissau, este último, ainda hoje em pleno século 21, segundo a revista Terra (2000. p.77) a globalização ainda não chegou a Guiné-Bissau. Os métodos utilizados na agricultura são os mesmos ao longo dos séculos, sem ao menos um trator ou ferramentas mais avançadas. As forças conhecidas como patrióticas pegaram em armas para conseguirem conquistar a independência. A última colônia a conquistar a tão sonhada liberdade foi a Namíbia, depois de quatorze anos de guerrilha e somente em 1990, o povo finalmente se tornou independente.



A colonização da África foi vista pelas metrópoles como glória nacional, e missão civilizadora. Entendiam, ainda, que o colonialismo é a dádiva da Europa aos selvagens, o sacrifício da Europa pela humanidade, o dever da Europa para com as pobres populações negras que não possuíam civilização própria.

(idem.p. 138)



Os colonizadores por entenderem que para a colonização se tornar mais completa seria necessário destruir as tradições dos povos africanos que resistiam bravamente, principalmente na preservação das línguas. O domínio cultural também era um ponto crucial para os colonizadores e isto pode ser verificado através do atestado de assimilação que era nada mais do que, o passaporte do africano, o documento, o estatuto português, para deixarem de lado os seus costumes e tradições e fossem se aculturando à civilização portuguesa.

Por acreditarem nos princípios europeus, as forças do governo português-Forças Armadas (Polícia Secreta e Exército) e forças ideológicas (Políticos e Igreja), adotaram métodos repressivos e coercitivos com o objetivo de destruir os padrões de comportamento.

A partir de 1955, A conferência de Bandung, realizada na Indonésia, marcou o compromisso de ajuda dos países asiáticos aos países africanos em seu processo de descolonização. E de acordo com João Carlos Rodrigues, a partir dessa data, principalmente, na década de 60, cerca de trinta nações africanas tornaram independentes. A partir dessa data e, sobretudo, na década de 60, cerca de trinta nações africanas se tornaram independentes. Foram processos realmente muito dolorosos, aos quais as colônias portuguesas da África enfrentaram, para conseguirem a emancipação, longos anos se passaram.

Portugal era a nação mais pobre e relativamente atrasada da Europa Ocidental. Incapaz tecnicamente de extrair em seus próprios domínios recursos que pudessem render lucros, procura obter rendimentos fornecendo mão-de-obra nativa para as companhias inglesas que exploravam ouro na África do Sul, cobre e carvão na Rodésia. Portugal não se importava em ter um papel secundário no comércio de suas próprias colônias, isto se pode verificar quando não conseguiu absorver a quantidade de mão-de-obra necessária para as companhias inglesas. Assim, trabalhadores brancos passaram a se empregar nas colônias. Esse fato ajudou a marginalizar a mão-de-obra negra que era agenciada pelos portugueses.

A descolonização da África não foi feita de forma pacífica, pois as massas populares defendiam diferentes pontos de vista, caracterizando lutas internas, além das resistências de colonos europeus temidos em perder seus privilégios ocorreram choques internacionais, culturais e religiosos entre as massas populares nativas e a classe dominante. Braudel diz que o continente africano é muito vasto e que sua população é muito diluída, facilmente itinerante, em meio a uma natureza ao mesmo tempo generosa e cruel. Refere-se basicamente, a diversidade de frutos e as inúmeras epidemias.

No contexto de uma nova ordem mundial os olhares sobre a África estão claramente divididos: ou vemos a descrença quanto ao seu futuro - o termo africanização foi cunhado para exprimir o sentido da exclusão que perpassa a imagem do continente - ou notamos a convicção na capacidade Sul-africana de agir como locomotiva de um pretenso desenvolvimento do continente, como meio de religar a África ao sistema internacional. (1989 p.303).

Na contemporaneidade, o continente africano continua ainda com sérios conflitos internos, praticamente fora do processo de globalização e fora da nova Ordem Mundial, com exceção da África do Sul. Áreas que no passado tiveram função importante quanto a exportação de matérias-primas, hoje com as novas tecnologias estão desconectadas do sistema do comércio internacional. Chesnais (1996.p 297) denomina essa situação atual da África de desconexão forçada. Na verdade, os países africanos não podem mais contar com a oportunidade de aliar-se a um ou outro bloco de poder, a exemplo do passado quando se aliou ao bloco socialista, perdendo assim, a ajuda americana.

A África vive atualmente a mercê das potências ocidentais, que impõem condições e exigências, para concederem ajuda, a exemplo das normas estabelecidas pelo Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional.









REFERÊNCIAS



KI-ZERBO, J. História geral da África, Vol I.





OLIVEIRA, Francisco Romão. A África Ontem e Hoje: Uma Visão Angolana. Palestra de extensão universitária Sankofa: Conscientização da Cultura Afro-Brasileira. Rio de Janeiro.UERJ. 1991.



HAESBAERT, R. Blocos internacionais de poder.São Paulo: Contexto. 1989.



YUNES, Virgínia.A Vida Primitiva da Guiné-Bissau. São Paulo. Revista Terra. Ed. Abril, Ano 9 nº4.2000.



Maria de Lurdes Mattos Dantas Barbosa
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