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Artigos-->Devemos colocar as nossas galinhas no galinheiro dos outros? -- 31/08/2009 - 11:18 (Carlos Claudinei Talli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Acabei de ler a notícia de que o centro-avante Liedson, do Sporting de Lisboa, conseguiu a cidadania portuguesa e agora vai defender a seleção daquele país. Assim, já são três os brasileiros naturalizados portugueses que jogarão por Portugal – Pepe, Deco e, agora, o Liedson. A mesma coisa vai acontecer com um outro centro-avante, o Amauri, da Juventus de Turim, que vai jogar pela Itália. Com essas novidades, se tornou extremamente atual uma crônica que publicamos em 12/09/2003, sobre o mesmo tema. Por isso, vamos expô-la novamente.



Devemos colocar as nossas galinhas no galinheiro dos outros?

Carlos Claudinei Talli



“Como já mostramos no artigo anterior, desde 1998, ano em que com o advento da Lei Pelé houve a mudança na lei do passe, mais de 3000 jogadores brasileiros foram negociados com o exterior. Somente em 2003 mais de 700 já saíram do país. E o destino da maioria é a Europa.



A mesma coisa está acontecendo, porém num ritmo muito menor, na Argentina e em quase todos os países africanos.



Esse êxodo absurdo vai provocar um efeito perverso no próprio futebol europeu. Como os jogadores brasileiros, argentinos e africanos têm uma técnica mais apurada, vai ficar cada vez mais difícil para os jogadores da Europa se destacarem e se tornarem titulares nos grandes clubes de lá. As portas se fecharão para os ‘pratas da casa’, e formar grandes seleções nacionais se tornará uma tarefa cada vez mais improvável. Haverá um fortalecimento dos clubes europeus, em detrimento da qualidade de suas seleções.



Logicamente, os países procurarão uma saída para resolver esse sério problema. E saídas sempre existem quando incontáveis milhões de euros estão disponíveis. Nesse contexto, qual seria a solução mais provável a ser adotada?



Aliás, acreditamos que ela já começou a ficar delineada há alguns anos. Por exemplo: faz tempo que a Alemanha está encontrando uma dificuldade enorme para formar uma nova geração de craques capaz de manter o prestígio do seu futebol em nível mundial. Por isso, na preparação para a Copa do Mundo de 2002, Paulo Rink foi naturalizado alemão com o intuito de ser testado na seleção daquele país. Não deu certo, mas... Um jogador africano também adquiriu cidadania germânica, foi convocado para a Copa e participou da partida final contra o Brasil. No time do Japão aconteceu a mesma coisa com outro jogador brasileiro – Alex -, que também disputou o último mundial. Portugal, sob o comando de Felipão, naturalizou o nosso Deco – ex futsal da Tejusa - que jogou inclusive contra o Brasil neste ano. Lembram-se, perdemos com um gol dele. O brasileiro Donato já defendeu a ‘Fúria Espanhola’. Altafini – o nosso Mazzola – disputou a Copa do Mundo de 1962 pela Itália. É provável que esse fato volte a ocorrer com a enxurrada de brasileiros que está chegando à Velha Bota. Praticamente todas as demais grandes seleções mundiais já usaram esse mesmo expediente com jogadores de outros países.



Em nossa opinião, o mais grave é que no mundo todo nada se compara ao êxodo brasileiro. Como já colocamos no início, mais de 700 já saíram nos últimos oito meses - quase 100 por mês -!



Como na preparação da nossa seleção para uma Copa, historicamente, no máximo 70 a 80 jogadores são testados, os demais expatriados, que não forem aproveitados, mais de 3000 até o momento, poderão assumir novas cidadanias e defender outros países. Fazendo-se um cálculo grosseiro, pelo menos 10% desses jogadores - aproximadamente 300 - certamente terão um excelente nível, igual àquele dos convocados para o nosso selecionado. Provavelmente, num futuro não muito distante, veremos seleções européias tendo como titulares vários grandes jogadores brasileiros.



Já dá pra imaginar a enrascada em que poderemos estar nos metendo?



Vocês já pensaram na sensação que poderemos sentir na hipótese de sermos desclassificados por uma seleção européia com 5 ou 6 brasileiros no time? E se essa derrota ocorrer na final de uma Copa do Mundo?



Vocês perceberam até onde pode nos levar a incúria da elite que ‘dirige’ o futebol brasileiro?



Existe um velho adágio popular que diz: ‘Aqui se faz, aqui se paga’.



Outro: ‘Não devemos chorar sobre o leite derramado’.



E mais um: ‘Das crises nascem as idéias’.



Apesar de tudo, o leite não foi totalmente derramado. Ainda é tempo de colocarmos a cabeça pra pensar e conceber uma grande idéia que nos salve da catástrofe que se avizinha.



Nós, brasileiros, sempre afirmamos envaidecidos que o nosso futebol é o melhor do mundo, e que poderíamos formar 3 a 4 seleções para disputar um Mundial, com as mesmas chances de conquistar o título. Em nossos maiores devaneios até já imaginamos uma final de Copa do Mundo entre duas seleções brasileiras. Pode ser que esse sonho esteja mais próximo de se realizar do que supõe a nossa fantasia. Só que o campeão mundial poderá não ser o... Brasil!



Agora, o último provérbio: ‘Quem avisa amigo é!’.”



Em tempo: Para mostrar a atualidade do texto acima, ontem, 29/01/2009, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, em reunião com o presidente Lula e o ministro do Esporte Orlando Silva, assim se expressou: "Mostrei minha preocupação com o êxodo dos jovens jogadores, que vivem em uma espécie de escravidão moderna. Vamos evitar que com 13, 14 anos os jogadores sejam induzidos e tirados de suas famílias e suas culturas. Temos que proteger a juventude brasileira e temos que ajudar no registro desses jogadores para o bem do futebol mundial".



E nas palavras do ministro Orlando Silva: "O presidente da Fifa discutiu o papel da entidade nas mudanças no plano internacional e para proteger as seleções nacionais. O futebol hoje se aproxima de uma escravidão moderna na medida em que jovens desprotegidos são retirados de sua cultura, de seu país”. E completou: "Ele chegou a dizer que em 2014, por exemplo, metade das seleções de cada país pode ser formada por brasileiros", encerrou.





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