A FORÇA SUPERA A ARTE
O jogo da Seleção numa Copa do Mundo que mais me marcou foi Brasil X Itália, válido pela Segunda Fase do Mundial da Espanha em 1982 (nessa época, eu tinha apenas 15 anos). Enquanto que a Itália vinha, na Primeira Fase, fazendo uma campanha medíocre, empatando com Camarões, Peru e Polônia, o Brasil havia vencido todas as partidas, sendo principalmente embalado pela vitória sobre a arquirival Argentina de Maradona por 3 X 1. Bastava apenas um empate para o Brasil passar às semifinais, porém o impossível aconteceu: a Seleção Canarinho foi surpreendentemente derrotada pela Squadra Azzurra por 3 X 2, todos os três gols marcados pelo Bambino d’Oro Paolo Rossi, posteriormente apelidado de O Carrasco do Sarriá.
A Copa da Espanha representou um divisor de águas no futebol, sobretudo porque, pela primeira vez, um Mundial teria um maior número de participantes: vinte e quatro seleções.
A Seleção Brasileira de 82 chegou a ser comparada à Seleção do Tri de 1970, pois encantava a todos com o seu futebol dionisíaco, baseado no toque de bola, enquanto que os europeus eram apolíneos, preferindo a marcação homem a homem.
Na Copa da Espanha, predominou a arte do futebol-força sobre a força do futebol-arte. Não por acaso, a então Alemanha Ocidental e a Itália, ambas legítimas representantes do futebol-força, disputaram a final em que esta venceu por 3 X 1 e, pela primeira vez, um árbitro brasileiro, Arnaldo Cezar Coelho, era designado pela FIFA para apitar uma decisão de Copa do Mundo.
O Brasil só se sentiria vingado na Copa dos EUA em 1994, quando derrotou a mesma Itália, então liderada por Roberto Baggio, por 3 X 2 nos pênaltis e conquistou o tetracampeonato mundial, porém com um futebol de resultados, duramente criticado pela imprensa e pela torcida.
Após o surgimento daquela aparentemente imbatível Seleção de 82 idealizada por Telê Santana, embora tenha conquistado o penta em 2002, vencendo a Alemanha de Oliver Kahn, então considerado o melhor goleiro do mundo, por 2 X 0 (gols de Ronaldo), o Brasil nunca mais seria o mesmo, ainda que, recentemente, tenham surgido craques como Adriano (apelidado de Imperador pelos italianos), Kaká, Robinho, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho, reverenciado pela imprensa mundial.
1/04/2006
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