Usina de Letras
Usina de Letras
73 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62240 )

Cartas ( 21334)

Contos (13265)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10368)

Erótico (13570)

Frases (50639)

Humor (20031)

Infantil (5436)

Infanto Juvenil (4769)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140810)

Redação (3307)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6194)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->ENCONTRO RIDÍCULO EM FAMÍLIA -- 12/01/2002 - 18:27 (denison_obras selecionadas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eram 11 horas da manhã, único horário digno para um ser humano despertar de uma noite tranquila de sono.

A governanta aparece vagarosamente na porta com seu semblante cadavérico – ideal para uma governanta – e assustou Dr. Dávila em sua meditação matinal.



Dr. Dávila: Oh, que susto, Dona Iraci. Acordei agora. O que temos hoje?



Governanta: Devo lembrá-lo que hoje é o dia do almoço na casa da sua senhora mãe, devido a chegada da sua irmã de Curitiba.



Dr. Dávila: Oh, que horror...que má notícia...a única coisa pior que este programa deplorável é o cidadão ser obrigado a assistir um festival de filmes franceses pedantes do tempo de François Truffault.



O Dr. Dávila levantou-se, não sem reclamar muito, da cama e foi fazer o toillete.

Em seguida, sentou-se na mesa de desjejum e passou a vista no jornal matinal, mas lendo sempre com aquele típico desinteresse de um hedonista.



Dr. Dávila: Minha cara Iraci, ou sai ele ou saio eu. Nós dois não podemos conviver no mesmo ambiente. ( Referindo-se ao papel de parede da copa ).



Governanta: Providenciarei, doutor, imediatamente a retirada deste material.



Dr. Dávila: Essas estampas parecem pintadas por um Monet que leu Dostoievsky. Muito depressivas. Coloque algo mais rococó.



O doutor acabou com o seu desjejum, acendeu um charuto, vestiu o seu sobretudo e saiu resmungando. Apesar dos seus 34 anos, parecia um velho. Havia enjoado da música alemã, do cinema francês e da literatura russa. Mas amava os italianos. Dizia sempre na roda de amigos que os italianos são os novos gregos.



Às 12 e trinta chegou na suntuosa e fantasmagórica mansão da Senhora Dávila. Chegando, logo viu que não deveria ter ido; a mãe discutia terrivelmente com a irmã sobre um diabo de um sapato que alguém deu de presente e não coube no pé e sabe Deus o que mais...as duas com a cara amarrada. A Senhora Dávila nem sequer havia tomado banho e o almoço ainda estava sendo preparado pela cozinheira que havia atrasado.



Dr. Dávila: Mamãe, eu trouxe um presente para minha irmã. Devo voltar outra hora?



Sra Dávila: Não, querido, se instale em qualquer canto da casa, fume um charuto. Tem Wagner na minha discoteca. ( falando afobada, sem poder dar a devida atenção ao filho ).



Dr. Dávila: Mamãe, eu enjoei de música alemã...além do mais detesto óperas; sempre me fazem esquecer que há uma música por trás dos gritos.



O doutor se viu obrigado a ficar bisbilhotando a biblioteca da mãe que só continha livros exotéricos, a contemplar o jardim desastrosamente decorado e depois resolveu jogar dominó com a irmã para passar o tempo. E dominó é o único jogo que ele literalmente abomina.

Depois de duas horas, ele estoura.



Dr. Dávila: Onde estão os meus outros irmãos, Deid, Deilton e seus filhos? Quando iremos começar, efetivamente, a recepção?



Enquanto Dávila perguntava isso, sua mãe ia de um lado a outro, enlouquecida, se vestindo, arrumando isso e aquilo, mas nada de almoço.



Sra Dávila: O pessoal vem aí...está chegando.



Depois de mais uma hora e meia, Dávila resolve pedir o número do telefone da irmã e ligar...descobre que Deid ainda está em casa esperando saber se todos já chegaram à casa da mãe. Ele perde o controle e diz, impaciente...



Dr. Dávila: Eu estou com fome! Eu estou com fome! Não vou esperar ninguém!



Sra Dávila: ( Na maior tranquilidade ) Calma, meu querido. Que coisa vulgar dizer que está com fome. Eu não acredito.



Dr. Dávila: A que altura está a refeição?



A senhora pergunta à cozinheira e ela diz que em, pelo menos, uma hora todos estarão comendo um delicioso pato com purê de maçã.



Dr Dávila: Eu não vou ficar...ficar aqui sem fazer nada de interessante, esperando pessoas totalmente desinteressantes e ainda sem beber nada, jogando dominó e ainda esperando pato com purê de maçã...que nada! Tô fora!



Sra Dávila: Oh, Dávila, como você tem um gênio difícil...estamos em família...



Dr Dávila: E tem coisa pior? Mãe, sinto, mas vou partir ( Sai muito irritado, sem se despedir das mulheres, bate a porta com força e leva consigo o presente que havia trazido para a irmã ).



Quando estava no carro, irritadíssimo, liga do celular para a governanta.



Dr Dávila: Iraci, tenho de lhe falar...



Governanta: Eu já sei do que se trata...não precisa me dizer...vai almoçar aqui, não é? Ia pedir-me para providenciar com o cozinheiro um almoço digno.



Dr Dávila: Minha cara, que eficiência! Não preciso nem dizer...o encontro de família de novo saiu um desastre.



Governanta: Como todo encontro de família! Mas o que vai almoçar?



Dr Dávila: Dona Iraci, poderia mandar a criada verificar se tem pato e maçãs na despensa?





Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui