Depois de um ano sem se verem, Pasquino e Marfósio se encontram numa das favelas da cidade.
Marfósio - Pasquino! Quanto tempo!
Pasquino - Pois é Marfósio, é que eu estive me especializando por aí.
Marfósio - Mas me conta o que aconteceu?
Pasquino - É que eu passei este último ano na ROUBABEM, me especializando em violência, roubos, e muito mais.
Marfósio - Mas o que é essa tal de ROUBABEM, Pasquino?
Pasquino - É uma instituição do governo, que quando fazemos algo que eles acham ser errado, vamos para lá.
Marfósio - E por que você foi pra lá?
Pasquino - Você se lembra quando roubei aquele toca fitas e eu estava armado, e depois violentei a dona do carro?
Marfósio ficou olhando Pasquino com ar pensativo, vendo seu amigo, que antes era trombadinha, falando como um criminoso de carteira assinada.
Marfósio - Sim, me lembro muito bem.
Pasquino - É, me pegaram e eu fui parar na ROUBABEM.
Marfósio - Mas não seria FEBEM?
Pasquino - É, seria, mas lá em vez de a gente aprender aquelas baboseiras que se aprende na escola, a gente aprende como roubar bem, então apelidamos de ROUBABEM.
Marfósio - Mas e os policiais, eles não reprimem vocês por ficarem ensinando uns aos outros o que não deve?
Pasquino - Imagina! Eles é quem muitas vezes nos ensinam muitas técnicas.
Marfósio - Ensinam sem exigirem nada em troca?
Pasquino - Claro que não, né Marfósio! Nós descolamos pra eles onde são os melhores pontos de drogas, e onde comprar armas tão poderosas quanto as nossas.
Marfósio - Mas isso é horrível Pasquino! Desse jeito onde vamos parar?
Pasquino - Credo Marfósio! Até parece que você não vive na rua como eu!
Marfósio - Mas acontece que neste último ano as coisas mudaram, eu comecei a trabalhar, estudar e saí das ruas.
Pasquino - Ai Marfósio! Isso é coisa de mauricinho.
Marfósio - Claro que não! Não quero passar o resto de minha vida na rua. Então vá lá, me conta o melhor de tudo isso, Pasquino?
Pasquino - O melhor... O melhor de tudo, é que depois que aprendemos todas as técnicas podemos treinar com o pessoal lá dentro, fazendo policiais e outros que trabalham lá de reféns.
Marfósio - E também matar os outros menores que estão lá, seus companheiros, não é Pasquino?
Pasquino - Só matamos aqueles lerdinhos, idiotas, que sempre são do contra.
Marfósio - Vocês se matam entre vocês mesmos, matam pessoas que convivem com vocês. Imagino o que são capazes de fazer com quem não conhecem.
Pasquino - Sabe Marfósio, você tem que aprender que isso faz parte da escola da vida, todos deveriam passar por isso para poderem sobreviver na vida que levamos na rua.
Marfósio - Sinto muito, mas eu considero essa realidade horrível.
Pasquino - É uma realidade, e se o governo e as demais autoridades não se importam, quem é você para ficar indignado?
Marfósio - É Pasquino, o governo promete e não faz, e a população é quem paga.
Pasquino - Que nada Marfósio! Isso é por que São Paulo tem a melhor polícia do país. Se não tivesse, eu não teria aprendido nada disso.
Marfósio - E é isso que você quer da vida, Pasquino?
Pasquino - Claro, senão não estaria nessa vida, é ótimo. Trabalho quando quero, a hora que quero. Mas agora, amigo, você vai ter que me desculpar, vou trabalhar, para garantir o resto do mês. Sabe aquela casa chiquérrima da Paulista, pois é, vou fazer uma limpeza lá.
Marfósio - Boa sorte!
Pasquino - Obrigado Marfósio. Vou precisar.
Assim Marfósio viu seu amigo se afastando e ficou pensando:
"É a FEBEM se transformou em ROUBABEM, MATABEM, VIOLENTABEM, ESTUPRABEM. Tudo isso e mais, mas não se transforma no EDUCABEM. O governo não quer pessoas letradas, para quê? Iria atrapalhar o governo, pois saberiam de seus direitos, e daria muito trabalho para o governo. É, mas essa é a realidade da sociedade em que vivemos".
Depois de alguns meses, Marfósio fica sabendo que Pasquino foi morto por um de seus companheiros da FEBEM, ou seria da MATABEM. Não se sabe, mas Pasquino que era tão descolado, já era.
Quem sabe Pasquino tornou-se um anjinho, e agora só procura fazer o bem para as pessoas. World Peace!!!
|
