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Artigos-->Deus sive Natura -- 13/01/2002 - 13:45 (Taitson Alberto Leal dos Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


“Deus sive Natura” *







“O homem não nasce livre, mas torna-se livre ou liberta-se”

Edmilson Menezes







O ponto de partida para as indagações de Baruch Espinosa (1632 - 1677) é a necessidade de instaurar um conhecimento seguro e verdadeiro da realidade.



O conhecimento humano deve partir da causa primeira, produtora de toda a realidade. Este princípio é, para a compreensão de Espinosa, Deus. Contudo, Deus é compreendido por Espinosa não como causa final, como quer a tradição escolástica, mas sim como causa eficiente. Deus não representa a perfeição para qual tende a realidade, mas sim o próprio ato de produção da realidade. Ele é causa de si, e Sua auto-criação deve coincidir com a criação de toda realidade. Daí provém a compreensão espinosista de Deus, que lhe valeu os epítetos de panteísta e, mesmo, de ateu: “Deus sive Natura”, Deus, isto é, Natureza. Deus é substância única, presente em todo ente criado; deste modo, pode-se caracterizar uma postura monista na filosofia de Espinosa, contrapondo-se ao dualismo cartesiano.



Para Espinosa, tudo o que existe, existe como resultado necessário da natureza divina. Ser necessário significa o que é determinado por outra coisa a existir e a operar de certa e determinada maneira. Com esta definição, somente Deus não é necessário: é a única causa livre. Espinosa é radicalmente contrário a noção de livre-arbítrio, pois, para ele, ser livre significa “o que existe exclusivamente pela necessidade da sua natureza e por si só é determinado a agir”. A verdadeira liberdade significa conhecer a causa necessária das coisas e agir de acordo com essa necessidade, a liberdade é o conhecimento da necessidade.



O Tratado Teológico-político visa explicitamente subtrair o homem à escravidão da superstição e restituí-lo à sua liberdade de pensamento. Espinosa defende com veemência a liberdade da investigação científica ( e foi o que fez por toda sua vida).



Segundo Espinosa, o nosso eu atinge a sua plenitude quando o pensamento de Deus é o nosso pensamento, quando o nosso ser pensante transfunde e emerge no pensamento divino, quando se confunde com o próprio Deus, nossa essência. É somente nesta realização divina, neste conhecimento de si e das coisas que o homem, com sua individualidade conquistada, alcança a quietude da alma.



Somente aquele que age de maneira moral, vive a liberdade, ou o que vive a vida apenas pelas leis da inteligência. A natureza ideal do Homem é perfeita quando atinge a plenitude da razão. Todos os nossos pensamentos e todas as nossas obras devem tender para esse fim. A suprema virtude está no esforço supremo para atingir a compreensão das coisas que nos circundam e quanto maior for este esforço, maior será a virtude.



A virtude é a verdade posta em ação, e por isso a realização da ordem eterna e imutável do universo. Quem possui a verdade conhece Deus, porque Deus é verdade, pois, entre o virtuoso e Deus existe uma perfeita correspondência de espírito e vontade e o homem se avizinha da divindade, torna-se igual a Deus.

A vida eterna é o reino da liberdade, da adequação; não teremos uma eternidade fora da vida presente, pois encontramos nesta, a identidade de nossa essência e de nossa existência numa escolha do tipo entre dois bens o maior e entre dois males o menor ou mesmo quando evitamos ou superamos o perigo. A liberdade está sempre ligada à essência e ao que dela decorre e não à vontade e ao que a regula.





Taitson A. L. dos Santos







* Texto publicado em "A Tribuna Piracicabana" - 27/09/2001.
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