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Artigos-->Dr. T: o mal médico - 2 -- 20/09/2009 - 20:20 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Na semana passada, apresentei dr. T, o mau médico, para aqueles que ainda não tinham passado pelo desprazer de conhecê-lo. O dr. T, além de ser uma boa amostra da falta de humanidade dos médicos do SUS, existe em carne, osso e empáfia. É um dos especialistas em neurologia do Sistema Único de Saúde, em Ribeirão Preto, e mantém um consultório particular no qual também atende como cooperado da Unimed. Foi ele que, no episódio narrado, diagnosticou um paciente com 64 anos de idade como portador do Mal de Parkinson e o fez como se falasse de um resfriado. dr. T pouco abriu a boca ao longo da consulta, mas a torceu várias vezes, foi impaciente com a natural lentidão do paciente, receitou uma droga para reduzir os tremores e só disse qual era a moléstia, diagnosticada clinicamente, após ser questionado.

O Mal de Parkinson é uma doença degenerativa que atinge o cérebro de 1% das pessoas com mais de 65 anos. Pode até ser bastante comum para os médicos, mas, para pacientes e familiares, ainda é uma condição difícil de aceitar e de administrar. Não tem cura e o tratamento existente serve para reduzir os sintomas que incluem tremores de repouso, rigidez muscular, lentidão e podem evoluir para comprometimentos maiores. É limitante e exige que os familiares passem a exercer, ao longo dos anos, não se sabe exatamente quantos, o papel de cuidadores da pessoa acometida pelo mal.

O que se espera de um neurologista, e de médicos de qualquer especialidade, é que ele seja capaz não apenas de anotar o nome de um remédio numa receita. Espera-se o mínimo de capacidade empática para que ele possa entender o impacto da notícia que transmite. E que peça e dê todas as informações necessárias para o conforto e segurança do paciente e dos que são próximos a ele. Essa postura mais humana é uma das buscas da medicina atual e faz parte dos princípios do Sistema Único de Saúde, o SUS, que na teoria é um ótimo mecanismo de acesso à saúde. O que parece estragar o SUS, além da corrupção, é a inépcia de médicos como o dr. T.

No roll de princípios do SUS, estão, entre outros pilares, a Universalidade, a Integralidade e a Equidade. Em palavras claras, o SUS existe para oferecer atendimento em TODAS as áreas da saúde para TODOS os brasileiros, independente de raça, posição social, situação fiscal, sexo, idade, endereço, religião ou time de futebol. O SUS deve atender todo cidadão de maneira IGUAL. Por igual entenda-se que tanto os ricos quanto os pobres devem ser BEM atendidos, do mesmo jeito que seriam se estivessem num consultório particular. E com EFICIÊNCIA e EFICÁCIA. O dr. T deve ter entendido errado esses princípios: de fato, ele atende todos os seus pacientes de forma igual. Todos são igualmente mal atendidos. É a Equidade acochambrada.

Outro princípio do SUS é o amplo direito do paciente à informação. dr. T nada explicou sobre o Mal de Parkinson durante a consulta mencionada. Se não tivesse sido questionado, nada teria explicado sobre os cuidados que o paciente deveria ter dali em diante, já que o Parkinson não tem cura. Além disso, não alertou sobre o perigo que a doença representa para pessoas que dirigem automóveis, moram sozinhas ou trabalham com atividades que envolvam máquinas. Não sabendo nada sobre o paciente, pouco poderia ajudá-lo.

Dr. T é o câncer do SUS. Sendo o Sistema Único de Saúde uma responsabilidade das três esferas de governo, Federal, Estadual e Municipal, fica-se meio perdido na hora de reclamar. Reclame ao prefeito, ao governador, ao presidente? Ao bispo? É fácil perceber, porém, que uma boa maneira de um governante conseguir a aprovação da população é eliminar esse câncer representado pelo dr. T dos serviços públicos que envolvam contado com a população. Funcionário público, na cabeça de 11 entre 10 brasileiros, é sinônimo de má-vontade, lentidão, rispidez. Até quando? Dona Darcy, já pensou: vossa excelência está sendo representada por incompetentes cascas-grossas como o dr. T. E eles são, qualquer cidadão sabe, muitos, muitos, muitos. Uma leitora do Tribuna, após ler a primeira parte dessa queixa, enviou-me um e-mail contando a experiência dela:

“Este tal de dr. T faz o que a grande maioria dos médicos da rede pública fazem: não dão a mínima atenção ao paciente, não olham nos olhos das pessoas, são grosseiros, não fazem nada para melhorar o estado de ânimo de quem os procura. Perdi meu pai há dois anos e tive algumas experiências bem negativas com esta ‘raça’: cirurgia que não era necessária, uma vez que já não havia mais chance, mas cirurgião se acha muito esperto e precisa abrir o paciente pra ver escancaradamente o que, talvez, ele já soubesse pelos exames. (...) Outro médico do meu pai banalizava o problema...quando o câncer que, inicialmente, era em um dos pulmões, foi para o cérebro, ele tratou do assunto como se fosse uma gripezinha à toa. Me lembro dele dizendo mais ou menos assim: ‘Ah, isto aí é tranquilo, é só internar, fazer uma raspagem e pronto!!!’ (...). Foi tudo muito triste e ele tinha um ótimo convênio. Eu acho que médico, principalmente oncologista deveria ser melhor preparado pra lidar com diversos tipos de pacientes”. Pois é, cara leitora, deveria mesmo...

No SUS, na rede privada, nos convênios... o dr. T tem muitos tentáculos. Nossa única arma é a indignação. Cada um de nós que passar por experiências como as que foram aqui expostas deve denunciar. O CRM aceita esse tipo de denúncia, a imprensa pode ajudar, até o PROCON pode ser acionado. Talvez não dê resultado imediato. Talvez o corporativismo prevaleça. Talvez. Mas uma queixa que se soma a outra queixa e a outra e outra acaba virando um barulho que pode, ao menos, incomodar o soninho, ainda tranquilo, do dr. T. Não é justo que a gente perca o sono para eles dormirem como anjos. Ou demônios...
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