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Artigos-->Minha terra tem palmeiras... -- 20/09/2009 - 20:27 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cento e vinte oito palmeiras, só na Baixada, de acordo com contagem da prefeitura. E serão mais de quatrocentas até o fim de sei lá quando. Haja sabiá! O ribeirãopretano poderá se orgulhar de ter um corredor de palmeiras imperiais a começar pela entrada da cidade, Celso Charuri e Maurílio Biagi adentro. Palmeiras iguais àquelas trazidas para o Brasil pela família real portuguesa, em 1808. Esse será, é bem provável, um cartão postal da cidade.

Vivo em Ribeirão Preto há anos, mais da metade de toda a minha vida. Sempre andei muito de bicicleta por aqui e acabei conhecendo bem as paisagens de uma cidade que exibe edifícios modernosos, mais vidro que concreto, e casarões centenários, mais rachaduras que tijolos, às vezes no mesmo quarteirão. Sempre achei, e depois fiquei sabendo ser fato, que a cidade tem poucas áreas verdes. Alguns amigos ecologistas confirmam que Rib City perde para a capital do estado na relação metros de área verde por habitante. Sendo essa a realidade, a ideia da prefeitura de inaugurar um corredor de palmeiras imperiais deveria ser comemorada como uma ótima notícia para o meio-ambiente. Eu prefiro gorjear pouco...

As palmeiras da Jerônimo Gonçalves nunca chamaram a minha atenção, apesar de seu tamanho. Há chances de que essa indiferença seja birra de corintiano. Se me perguntassem, como faz a Fernanda Young em seu programa, o quanto me incomoda a retirada de todas as palmeiras da baixada: paca, pouco ou picas? “Picas” seria a minha resposta. Se o motivo para retirada fosse a solução, ou apenas a diminuição do problema das enchentes, eu diria: “Demorou!”. Mais ainda: se o custo para a retirada e para o replantio das palmeiras em outras áreas da cidade fosse R$ 5 mil por árvore, quase R$ 700 mil para as 128, sem contar o preço das outras centenas de mudas novas, eu não teria a menor dúvida: “deixem as palmeiras nos álbuns de foto!” - e sigamos nossas vidas.

Talvez me faltem mais alguns pontos de sensibilidade histórico-patrimonial. O objetivo da prefeitura pode até ser, exatamente, manter contato com a história, entendendo que as palmeiras imperiais são um símbolo relevante de nosso passado. Importa pouco se, nesse passado, as palmeiras tinham o objetivo de mostrar a força do império, com seu tronco vigoroso que tenta alcançar as alturas do céu. Dizem que D. João VI presenteava seus súditos mais fiéis com as sementes imperiais. Ser “dono” de uma palmeira era ser amigo do rei. Sei lá, ser “amigo do rei” me parece coisa de contos de fada meio fora de época. Fico pensando se é isso que a prefeitura quer: mostrar imponência, botar banca, ser amiga do rei. Sois rei?

Nada sei, tecnicamente, sobre palmeiras e, paulistano que sou, nem imagino se elas atraem mesmo sabiás. Mas sei que 700 mil reais gastos com símbolos de opulência real doem muito no meu bolso. Trocaria, sem sofrimento, um corredor de palmeiras por um corredor de árvores nativas menos grandiosas, com copas largas e que, embora mais singelas, colocassem porções maiores de verde e sombra em nossas vidas. Até os sabiás, e outros passarinhos, aprovariam. Se o problema com esse tipo de planta é a produção de esterco pela população de melros, sanhaços, trinca-ferros, pichochós, tiês-sangue e pintassilgos, que plantem ipês de diversas cores. Um corredor de ipês floridos! As abelhas farão festa, e, parece-me, a administração municipal tem uma quedinha especial por abelhas.
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