Pelas ruas,
nos carros,
nas sombras,
vejo-te ao meu encontro,
em sorrisos esquecidos,
em afagos suprimidos,
em vontades silentes.
Não te meço em metros
ou parâmetros.
Sou leiga e cega,
tato,
contato,
contida. .
Apresso o passo
e não saio do lugar.
Dou voltas ao meu redor,
compasso de mim,
sem traço que valha
a folha que te reservo.
Nesse trem,
sou carvão de braseiro,
fria por fora,
em perigo de chama.
E tu,
único passageiro,
de um vagão de certezas,
sinalizas com um pavio.
Não há fuga,
não há água.
O destino é queimar
em teus braços,
por teus dedos,
por teus beijos.
Mover nos trilhos,
morrer nos gozos,
chegar e partir.
Não há volta,
nada mais importa.
Assaltante ou condutor,
teu destino é ler-me os versos,
saber-me os medos,
dizer-me o tudo,
e entregar-me o teu amor.
Lílian Maial |