Uma tragédia grega na sociedade ocidental
(Pra não dizer que eu não falei da ecologia)
Abstratamente driblo a ética
como um atleta retórico
no campo quase erótico do consumo.
A dialética é obtusa
e aqui não comporta:
o shopping, eis a minha porta! & 61630.;
a entrada de todas as letras & 61630.;
sou poeta:
a mídia é minha escola e ciência,
minha bola, deusa-musa
que inspira desconhecidos desejos,
descobertos nas prateleiras da conveniência.
Sou ditador:
controlo esse mundo!
Mas na ânsia do domínio
me torno dominado, dependente,
fascinado, quase escravo
das forças artificiais.
Sou ocidental:
não há nada que me oriente
(nem livros cabais ou estrelas cadentes),
senão, a razão que une
a satisfação do descartável
na globalização dos costumes.
Sou polífago:
o que me importa é o que como (sem premoção ou prurido) & 61630.;
parques, reservas, florestas inteiras,
aves do paraíso, animais em extinção & 61630.;
o natural é somente o que desejo
e o que desejo, pode ser substituído.
Sou tecnocrata:
sobre a mesa de aço e prata
edito minha bravata
e decido as leis do jogo & 61630.;
à quem a vida vale a pena,
quem é gente, quem é povo.
Sou asceta:
não creio em criação
nem me relaciono com o princípio,
pois sou antropocêntrico
em sintonia com o presente,
a história é nonsense...
E o futuro à Zeus pertence!
s.olivio
dezembro/2000
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