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Contos-->Rôbêrto Cárlos (Jogador da Seleção) -- 20/08/2002 - 20:57 (Iracema Zanetti) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Rôbêrto Cárlos
Iracema Zanetti


Sou fanática por jogos de futebol da Seleção Brasileira, em tempo e ritmo de copa mundial.
Na copa de Junho de 1998, torcia para e, com o Brasil, pelo Penta.
Não deu. Paciência! Mas que doeu, doeu...
Uma semana antes da abertura dos jogos, andava excitadíssima, havia recortado de revistas e jornais, as melhores fotos dos jogadores de A à Z.
Não me importava se fossem as estrelas da Seleção, ou outro bom jogador qualquer, até os reservas não escaparam da minha tesoura.
As fotos recortadas iam para minha pasta, estava assim, formada minha seleção .
Não tinha conversa não, como técnica não admitia confusão e muito menos reclamação.
Meu objetivo tático era uma cerrada concentração.
Todos calados na pasta em profunda meditação.
Disciplina neles!
Se o Brasil queria o Penta tínhamos que lutar por ele.
Detesto todos os comerciais de televisão, mas não perdia um sequer se relacionados aos acontecimentos que envolviam a copa.
Tanto os passados no Brasil, quanto aos via satélites, vindos ao
vivo da França.
Amava o comercial dos mamíferos da “Parmalat”. Lembro-me de um deles em que Ronaldinho chegava devagarinho, voz mansa, humilde e perguntava:
—Posso jogar? — Muito desconfiados os animaizinhos concentraram-se abraçados, formando uma rodinha.
Cochichavam para chegar ao veredicto.
Deram-lhe uma chance: Atuar como goleiro.
Ronaldinho concentrou-se, abriu os braços fechando o gol. Gingou para cá, para lá, para adivinhar a direção que a bola ia tomar.
Lá vem a bola! Ronaldinho caiu para a direita e a bola entrou pela esquerda. Não deu outra, o mamífero mais lindo do mundo perguntou: — Tomou? — Nessa fala desejei entrar de cabeça no monitor da TV e encher aquele mamífero de beijos!
Outro comercial que eu amava era o de um ator cômico do elenco da Rede Globo de Televisão, quando referia-se ao filho, ruim de bola... perna de pau, mesmo!
O pai muito orgulhoso do filho, dizia:
— É meu filho! Um craque de futebol! Puxou ao pai.
Na escola os colegas não querem jogar com ele: Eles têm medo!
Contava as proezas do filho com entusiasmo, mas sem convicção.
Gostava também daquele em que Roberto Carlos, uma das estrelas da Seleção, comentava com um senhor sobre a potência de seu chute, dada a velocidade que ele imprimia à bola, marcada em km/h.
Ao simular uma jogada, seu chinelo “Rider” escapou-lhe do pé, atravessou a vidraça, estilhaçando-a e, prosseguiu vôo como um supersônico, alcançando a sacada de um prédio.
Uma jovem bela e sensual, encontrava-se de pé, com os cotovelos apoiados ao parapeito da sacada, assustada acompanhava o vôo daquele objeto estranho.
O “Rider” parou na sacada, preso a uma trepadeira de flores.
Ao ver o chinelo estacionar, enroscado à planta, suspirou fundo e com sotaque madrileno exclamou!
— Rôbêrto Cárlos...!!!
— Credo, como o tempo passou...
Ai, que cabeça a minha!
Esqueci a Seleção dentro da pasta.
Vou acordá-los, colocá-los em suas posições e dizer-lhes:
Pra frente moçada, vamos jogar com garra e muito amor.
Vamos levar a taça pro Brasil.
O povo brasileiro merece pelo menos essa alegria.
Coloquei-os em postura de manequins, daqueles bem machos, alfinetados no encosto do sofá.
Na mesa de centro, o ritual concluído:
A padroeira do Brasil presidia à mesa, a seu lado São Benedito e
Santo Antônio!
Tendo esse três santos e o terço nas mãos orando, é claro que eu já havia relaxado, mesmo assim, de quebra, coloquei num dos cantos da mesa mil amuletos e velas em redomas de vidro para protegê-las do vento.
As velas só seriam acessas quando o Brasil entrasse em campo no dia da nossa estréia.
Gosto de tudo preparado com antecedência. No meu conceito estava tudo perfeito.
Quando chegasse o grande dia, ainda daria uma rápido alô aos preto-velhos e caboclos, pra darem algum reforço.
Numa copa desse quilate, onde o Brasil inteiro torcia pelo Penta,
quanto mais santo ajudando melhor!
Ah! Esqueci-me de dizer: Meu marido não é dado a manifestações sentimentais. Mas, eu... em copa do mundo... não sou eu, sou um escândalo!
Devo estar muito bem classificada no ranking mundial de torcedores em jogos de copa de futebol.
Namorei a semana inteira, na vitrine de uma loja, a camisa “DEZ” da Seleção, mas o olhar reprovador do meu marido levou-me a desistir da tão desejada aquisição.
Contentei-me com uma bandeirolinha, não de seda e franjas, como explica o “Aurélio”, mas de plástico, sem esquecer de mencionar a vocês, a haste comprida da bandeirolinha... também de plástico, verde-amarelo, que lembrava um canudinho gigante de tomar refrescos.
Bem, o dia chegou! Chegou... depois de quatro anos de espera por quase todos os países do mundo, pra nós então, brasileiros, nem se fala como foi longa à espera!
Tudo pronto, velas acessas, janelas abertas, tensão mais ou menos controlada, esperanças exageradas e rezas ao Papai do Céu e a todos os anjos e santos. Não esqueci dos pretos-velhos, nem dos caboclos, eles também são brasileiros.
Meu marido deixou-me com meus santos, meus aparatos e meus jogadores alfinetados no encosto do sofá e foi assistir o jogo na televisão do quarto.
Não pensem que isso me aborreceu, pelo contrário, sou muito escandalosa, extrapolo emoções, ainda mais num evento destes!
Xingo o juiz, os bandeirinhas, jogadores, xingo a torcida contrária, quando manifestam-se com os erros do Brasil e xingo seriamente!
Quando o Brasil partia para o ataque, estando ainda no meio do campo, lá ia eu gritando: Vai...vai...vai...
E esse vai não ia! Às vezes morria ali mesmo. Mas quando em outras jogadas se aproximavam com a bola nos pés até a grande área, eu, de pé, bandeirolinhas na mão, emudecia como um túmulo, só o pensamento falava: Vai, vai, vai... pelo amor de Deus... vai que é agora...
Goooooollllll....
Às vezes era, outras não. Na maioria das jogadas a bola perdia-se pela linha de fundo, pelas laterais, quando não sumia pelas arquibancadas.
Cada jogada era um sufoco. Mas é claro que o Brasil fez grandes gols.
Infelizmente, na última partida deixou a taça na França .
Convenhamos que um segundo lugar numa copa mundial, é para país nenhum botar defeito, nem mesmo o nosso.
Parabéns Brasil! Na próxima... a taça é nossa!
Moro à beira-mar, tenho por hábito caminhar todas às tardes na praia. Ao longo dela são formados vários times de futebol.
Uma tarde, após um jogo da copa que o Brasil saiu vencedor, saí para andar.
Dava uma paradinha aqui e ali, pra ver um pouco de cada jogo.
Queria ver a expressão do rosto dos jogadores... claro, depois da vitória do Brasil qualquer brasileiro que se preze e tenha uma bolinha nos pés, vai mesmo achar-se um grande campeão.
Passo por um dos times, vejo um rapazinho ajeitando a bola no chão, de frente ao gol, esses golzinhos de alumínio com direito à rede de nylon, pelo visto ia bater um pênalti.
Bola parada no chão! Concentração! Toma distância, chuta! Erra! Além de não marcar o gol, estatela-se de costas na areia.
Parecia aquelas panquecas jogadas ao alto pra serem viradas e nunca caem de volta à frigideira, mas espatifam-se no chão.
Aproximei-me um pouco mais, esperei ele levantar olhei-o bem nos olhos... e disse: Rôbêrto Cárlos!!!
Continuei andando sem olhar pra trás!
Dentre as gargalhadas que eu ouvia, certamente não estava incluída a do jogador que preferiu nadar de costas na areia do que marcar o gol que tanto queria, pra se sentir um CAMPEÃO!
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