Para o êxito, esplendor, o começo sempre exige maior afinco,
espirituosidade, querer - ao menos isso é o que dizem os entendidos e desentendidos; gurus
e idiotas.
Eu, que não sou nem um nem outro, só tenho mesmo é que concordar.
Definitivamente, por agora, não tenho nenhuma das virtudes recomendadas
para um bom começo.
Portanto é por isso que essas linhas, que tentam compor o primeiro texto do
ano, não serão das melhores; acontece que o escritor aqui está com uma
gripe irrepreensível, que lhe roubou as forças e mais parece um eclipse no sol,
causando um imenso breu.
Mas não é certo ficar bancando o coitado. Bolas, todo aquele que tem uma
dificuldade julga ver nessa complicação uma fatalidade que só a ele atinge!
Tem gente em situações piores por aí.
O ano, que mal começou, já apresenta os seqüestros; as pesquisas, que
continuam a falar da incrível desigualdade (o Brasil "branco" é o 46º no Índice
de Desenvolvimento Humano e o "negro" é o 101º); o alto desemprego (o pior
dos últimos 10 anos); as crises Internacionais, a ladainha da sucessão
presidencial, sem falar do córrego Pirajussara transbordando, assim como as
marginais e outros lugares. Tem muita coisa acontecendo que nos tira a paz, ou ao
menos deveria.
Não sei até que onde conseguirei explicar, ou pensar, a gênesis do ano, o
fato é que o texto é o primeiro do ano, e ambos (o texto e o ano) não começam
muito bem, pois o escritor, nem esperto e nem idiota, já contraiu sua gripe
e Dois Mil e Dois suas, tão mais graves, enfermidades.
Todavia, o bom mesmo é que Dois Mil e Dois saiba que para que haja êxito,
esplendor, o começo sempre exige maior afinco, espirituosidade, querer; que
tenha essas virtudes, mesmo que não seja por agora, por conta de alguma
ferida; que saiba, ou ao menos desconfie, que todo aquele que tem uma dificuldade
julga ver nessa complicação uma fatalidade que só a ele atinge, mas a
verdade é que têm situações piores por aí.
E é impossível não citar Marcelo Yuka, do grupo O Rappa:
"Esperando o carnaval do ano que vem / Não sei se o ano vai ser do mal ou
se vai ser do bem" .... "Há um despacho na esquina do futuro / Com oferendas
carimbadas todo dia / Eu vou chorar, pedir agradecer / Pois a vitória de um
homem às vezes se esconde / num gesto forte que só ele pode ver"
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