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Poesias-->POEMA DE FRATERNIDADE -- 03/11/2002 - 19:17 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




POEMA DE FRATERNIDADE

( Dois Meninos)

ao meu irmão VALDIR ANTONIO* (Nenen)





Sentados no muro do tempo,

joelhos feridos no estio

cansados, jogados ao sol

numa rua chamada “do rio”.





A poeira barrenta, argilosa,

e a sala frugal, tons azuis,

onde a mãe decorava a parede

com a cara do mago Jesus.



Ali éramos dois, tão meninos

como a vida a correr, centro-avante

e os gols fossem amiúde marcados

sem a parca arbitragem constante.



Eram só dois irmãos e unidos

sob algumas crendices herdadas

numa casa-família onde a mãe

na parede frontal em azulejo,



Santo Antônio e o menino afixara

piedoso, milagreiro, presente

a quem ela atribuira contrita,

pão diário, transporte, batente.



Contrição que herdou dum passado

arrastando-se pé ante pé

dos meninos que um dia começam

a quebrar as vidraças da fé.



A escola primária e o bonde

sobre trilhos, dormentes, guarida

dois amigos, sinais circunscritos

a abrir a cancela da vida.



Meu irmão que eternizas comigo

tua mão a cortar rente e forte

no volibol subindo além da rede

a porrada no ventre da morte.



E quem sabe me frustro e perdoas

por me haveres tirado do tom:

como vou cometer meus 60

sem obter teu labor de garçom?











O barman que servia com brilho

amizade, amor e Martini

vai ficar me devendo essa quadra

por mais que eu a esconda e confine.



Nosso ciclo se encerra: só eu resto

do quinteto da Rua do rio,

o Raul, a Zezé e um cão negro

encantados no eterno vazio.



Não me culpes, perdoa essas linhas

mal traçadas, capengas, triviais,

que a gente algum dia se encontre

numa terra onde mora o jamais.



Nessas ruas do rio navegas,

até quando houver vida e caminhos

a trilhar, sol a sol sobre os ombros

os teus filhos, netos e sobrinhos.





Essa gente tem dito que ronda

certo Deus, em quem crê e com pio,

ai de mim, sou poeta descrente

não avisto horizonte ou navio.



Uma foto num arquivo distante:

dois meninos sentados no muro,

quando um se assusta no agora,

há um outro que jaz no futuro.





____________________________





* 13.06.1945 - 27.10.2002.





WALTER DA SILVA

28 de Outubro de 2002.

inserido em “OS RITOS DA AURORA” ®

www.usinadeletras.com.br



















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