215 usuários online |
| |
|
Poesias-->Drink de Sangue -- 30/12/1999 - 11:14 (Alexandre Medeiros) |
|
|
| |
“Você nunca parou pra pensar
No dia a dia dos mutilados
Nem perdeu no trânsito
Seu filho querido
Com seu rosto desfigurado
Nunca teve um parente internado
Na UTI
Nem gerou nenhuma criança
Que não soube sorrir
Meninos de rua correndo
Da polícia, assustados
Os homens que tem mais
Poder são os menos preparados
Enquanto o uísque
Desce a garganta
E a burguesia despreza o mel
A indiferença e a mentira
Seguem na banguela
No sentido contrário ao céu
Você não sabe o que é ver
Seu filho perdido no vício
Você não sabe
O que é desespero
A falta de ofício
Você não sabe
A intensidade da dor
De um coração partido
Você não sabe o que
É ser de cor
Você nunca foi excluído
Você nunca cedeu lugar
Nos ônibus
Nem perdeu seu tempo
Pra conversar
Com velhos e com mendigos
Com loucos andando
No meio da rua
Nunca brindarão a vitória
Esse cheiro de sangue derramado
Ficará pra sempre na minha memória”
ALEXANDRE MEDEIROS
|
|