Usina de Letras
Usina de Letras
106 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62237 )

Cartas ( 21334)

Contos (13264)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50635)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4769)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140810)

Redação (3307)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6192)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->Um Grave Defeito -- 04/06/2000 - 11:00 (flávio augusto menezes filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UM GRAVE DEFEITO



A nossa gente possui um grave costume de valorizar pessoas que, a rigor, nem têm tanto talento assim. E se não lhas tiro de todo o valor é porque conheço a singularidade do ser humano. Em sendo dessa forma, eu cometeria uma impropriedade não admitindo no homem, qualquer que fosse ele, algum mérito.
Não vogasse a privação a que o povo está submetido, ele estaria, certamente, acometido de parvoíce. Mas o caso não é esse. O que ocorre é que simplesmente não se dá a ele o direito de julgar. A consequência é a magreza das idéias. E o mais trágico ainda, na minha concepção, é o desconhecimento daqueles que na realidade têm preço. Cria-se então o círculo vicioso: não há tino por falta de oportunidade e não há oportunidades porque não existe tino.
De quem é a culpa? Decerto do povo é que não é.
Recentemente li num jornal local uma afirmação, de uma dessas "senhoras de sociedade", que me deixou aparvalhado. Pois bem. Dizia essa "conceituada madame" que o povo não detém ciência porque não quer. Que, continuava ela, as escolas públicas estão aí por toda parte e só não as frequenta quem não tem vontade de aprender. Que estupidez minha senhora! Afirmar um despropósito desse no mínimo é passar recibo de que também se está necessitando de escola. A questão é muito mais complicada do que a senhora imagina. Se para o nosso povo, infelizmente ainda, conseguir um prato de comida é a preocupação de todo dia, como querer então que ele granjeie outras inquietações? Se dois mais dois são quatro, se a Inglaterra se localiza na Europa, se Cabral descobriu o Brasil, se o "e" é uma conjunção aditiva, tudo isso passa a ter pouco ou nenhum interesse a esse povo tão carente.
Se perguntarmos a uma meia dúzia qualquer de nossos concidadãos sobre quem são os senhores Hermilo Borba Filho, João Batista Melo, João Ubaldo, dificilmente eles responderão. Pois esses ilustres homens, aqui citados a título de exemplo, são apenas uns entre tantos que enobrecem os seus deles torrões, o nosso país o Brasil.
Cá entre os meus há um exemplo dessa coisa da qual vos falo. O Sr. Holdemar Menezes é o exemplo. Nascido em Jaguaruana no Ceará, desde cedo, partiu para outras plagas e por lá fez a vida. Se fez médico e, já na maturidade, abandonou o primeiro ofício para enveredar pelo difícil caminho que é o escrever. Dizia ele que a medicina perdera um sofrível médico e eu vos digo que a literatura ganhou um brilhante escritor. Holdemar escreveu sobre o homem ordinário. Disse de forma cativante sobre a vida comum que se nos apresenta todos os dias e passa de forma despercebida aos nossos olhos. Não passou pelo olhar atento e pelo talento de Holdemar.
Mesmo tendo ganhado reconhecimento em outras terras longínquas, o Sr. Menezes jamais esqueceu de sua raíz. Em alguns de seus textos contou a sua terra e a sua gente. Proclamou com notável orgulho: "Eu sou cearense."
Há na sua cidade natal, caro Holdemar, você que está aí no andar de cima a me ouvir - e disso eu tenho certeza por que sinto sua presença aqui e agora - há na sua terra homenagens a diversas pessoas que não se sabe nem por que têm os seus nomes inseridos nas placas das ruas, nos coretos das praças, nas testadas das escolas. Gente cujos únicos "merecimentos" foram o oprimir e o ludibriar aos seus. Vai daí que os governantes, sem poderem condecorar a si próprios, descaradamente, vão pondo medalhas nesses espécimes muito parecidos com eles mandantes. Quanto a você Holdemar, não se sabe, por lá, nem da sua existência. Desculpe-nos pela ignorància.
Mas não há de ser nada. A vida segue e quem sabe um dia , da cidade onde você nasceu, lembrem - se derem oportunidade ao povo ele vai lembrar - advirtam de lhe prestar a justa homenagem. Você que sempre tratou dos seus com tanto carinho e jamais algo exigiu de sua terra e a ela deu notabilidade. Esse valor ninguém lhe tira Holdemar.

Flávio Augusto Menezes Filho

Fortaleza, 05de maio de 2000




Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui