APELO DE UM COMPANHEIRO
Ei, olha para mim,
Eu estou aqui, bem perto de você
Você me ouve?, você me vê, você me sente?
Olha eu aqui, bem perto de você...
Acho até que me conhece , porque,
Temporariamente me consulta, me analisa, e até me insulta,
Olha eu aqui...
Eu o acompanho, desde pequenino,
Desde outros tempos, sigo seu caminho,
Venho chamando-lhe atenção freqüentemente,
E faço-o tornar-se, cada vez mais prudente,
livro-o do perigo, da pequena confusão,
ou da má companhia,
e você só me sente, durante a solidão,
converso com você, choro com você, e ...
radiante me torno, quando transborda em alegria,
acordo-o de manhã, e acompanho-o durante o dia.
Então quando você adormece, dominado pelo cansaço,
Vem ao meu encontro e agradece,
Mas, quando desperta, novamente me esquece.
Olha, eu estou aqui...
Tenta me ver, me sentir, eu sou o seu companheiro,
E sinto-me fracassado,
quando não está me ouvindo,
E parte pro rumo errado.
Ei, eu estou aqui, ouve-me...
Há tanto tempo eu o imploro, ouve-me...
Eu quero ajudá-lo companheiro,
Deixa-me instruí-lo, deixa-me guiá-lo,
Permita-me transportar-me para sua razão, e para seu coração,
Deixa este orgulho morrer, esmaga este seu egoísmo,
Acaba com esta dor.
Olha bem dentro de você, e vê que eu ainda existo,
Por favor companheiro, eu insisto,
Olha eu aqui...
Olha eu aqui...
10/01/87 (10,30 h.)
Edna S. Barbosa
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