Usina de Letras
Usina de Letras
59 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62247 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10372)

Erótico (13571)

Frases (50643)

Humor (20033)

Infantil (5442)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140812)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6199)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Fala X Escrita -- 28/06/2002 - 11:52 (Raquel Zanon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As línguas são dominadas por quem tem o poder. Esse é um fato provado e comprovado por linguísticos de todo o mundo. As pessoas falam para ser ouvidas e escrevem para que seus textos sejam lidos.
Mas o estudioso Maurício Gnerre escreveu, em Linguagem, escrita e poder, uma coisa certa: às vezes, as pessoas falam para ser respeitadas e para exercerem influência no meio em que estão.
De fato, uma pessoa que sabe as normas cultas da linguagem são mais respeitadas do que aquelas que não se preocupam com os padrões da língua e utilizam a oralidade como meio e objeto de comunicação.
Um advogado, por exemplo, que passou cinco anos de sua vida na faculdade estudando, decorando e memorizando códigos e aprendendo a lidar com o padrão mais culto da língua é sempre mais respeitado que uma empregada doméstica que aprendeu a ler e escrever e não teve a oportunidade de continuar estudando.
As relações de poder e dominação respondem às exigências políticas e culturais. A linguagem é uma forma de legitimar o poder, ditando as regras da sociedade, e o contexto do poder dita as regras da língua. No Brasil, o sotaque de pessoas que falam com entonação no s ou r , como paulistas e cariocas, é considerado bonito e charmoso.
Por outro lado, os mineiros e goianos, que falam uai , são considerados bregas e caipiras. Talvez o passado histórico do País tenha determinado essa pré-suposição de que Rio de Janeiro e São Paulo são áreas que ensinam a seus descendentes uma linguagem mais sofisticada do que as regiões do Centro-Oeste e Nordeste.
O Nordeste, então nem se fala. Falar cantado e com um tom que mistura baiano com mineiro, ou mineiro com paulista, ou carioca com paulista, faz um sotaque que é considerado de pessoas com menos prestígio.
Pura ideologia. O que os linguísticos discutem atualmente é o fato de que a norma culta não deve ser uma ditadura de grupos políticos e económicos. Falar de acordo com padrões pré-estabelecidos significa contrapor-se à realidade em que se vive.
Quem é que fala o tempo inteiro estou , ao invés de tó ? E quem se preocupa em dizer você em vez de cê . Mesmo as pessoas mais cultas se distraem e aderem aos vícios da linguagem oral. Por isso o ensino tradicional, que não abre mão das regras do Português, está em crise.
E essa luta entre a linguagem oral e a linguagem escrita vai continuar, enquanto houver interesses económicos, políticos ou de outra ordem em jogo.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui