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Cronicas-->Ventos e Brisas -- 05/06/2000 - 09:03 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Todos estão presos a alguma coisa. Todos fazem parte de alguma coisa. Todo mundo tem outro mundo. A gente é um só, dividido em várias partes, que fazem o todo de todo mundo.

É inimaginável que qualquer um sobreviva sozinho.
Mesmo o mendigo mais rápido se apoia na mendiga mais próxima e fazem seu mundo. É a perfeição da natureza que criou vários pares para inúmeros ímpares. Sem isso ninguém vive.

Mas em tudo há exceções. Se o meu mundo não me pertence mais é sinal que algum elo se partiu no meio do caminho.

Se há romance no meio a coisa se complica. Todos acham que podem conquistar. Todos acham que não podem perder.

Em termos de romance há fraturas e fissuras. Se alguém já pertence ao passado, lá deixou alguma coisa, algum risco, algum reservatório de emoções, uma página, um rosto, o roçar de mãos ou beijos endividados.

Se lá deixamos e partimos para o mundo é porque pertencemos um pouco daquilo que perdemos e se perdemos não vamos achar no presente e nem no futuro.

As coisas borborejam rápidas demais. A gente não tem tempo sequer de meditar sobre elas. Se você partiu quando tinha 18 anos, em 18 anos você criou alguma parte de um mundo que se fraccionou em seu caminho.

Ele é devedor de sua vida, suas ànsias de poucas conquistas. Bem, lá estava eu, sentado no banco da pracinha quando despontou o meu melhor amigo. Usava uma jaqueta e calça jeans.

Barba a fazer e rosto envelhecido. Ele é minha outra parte. Desde pequenos reviramos e descobrimos como era o mundo.

E lá vinha ele, cabisbaixo, carregando uma sacola de supermercado, sem medo ou angústia. Passou por mim como um vento pálido e fugaz.

Não me viu, apesar de tentar fitá-lo seriamente.

Juntos, faz tempo, saíamos às noites, percorríamos bares, bailes e zonas mal-feitas.Juntos, contávamos nossos próprios passos.

Se ele ia, eu ia atrás, se eu fugia, ele também fugia. Se eu morria de amores pela professora, ela também.

E se eu chorei pela coisa que mais amava no mundo ele também se curvou e soltou lágrimas de eterna amizade.

Hoje ele passa silencioso. Eu estou também quieto, sentado sozinho, rebatido por um meio-sol que rejubila a manhã e faz crianças saltitantes.

Naquele momento senti o mundo fraccionado. E então, virei-me para o outro lado da pracinha e apreciei outros jovens, que, como eu, teriam o o mesmo destino.

Nada existe para sempre e a colheita de hoje não será a mesma de amanhã. Bem, amanhã seremos apenas fantasmas de ontem.



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