“ Senhor, ouvi minhas palavras,
escutai meus gemidos.
Atendei à voz de minha prece,
ó meu Rei, ó meu Deus.”
Salmo 5 1,3
Andou mais de sessenta quilômetros, feito Forest Gump. Estava um trapo, mas tinha fé no seu santinho. Um amigo contou a história dos milagres do Menininho da Cruz de Prata e o que ele tinha para pedir era pouco. Não queria riquezas, nem pretendia curar doença grave. Só precisava entender um assunto: “a minha Mirian, menininho. A minha querida Mirian”. Ela tinha sumido e deixado um grande vazio no coração do andarilho. Ele estava ali, diante do Menino, só para perguntar: por quê? Ajoelhado e solene, repetia seus porquês sem obter resposta. Era feriado santo e tinha muita gente se amassando no cubículo quase profano de tão apertado. Muitos fiéis do Menino velavam o desespero do viajante. Triste. Todos entenderam a dor do homem ajoelhado frente à cruz. Também esperavam a resposta. Agora, também faziam a pergunta. E foi um coral uníssono que viu uma morena linda, anjo tropical, atravessando o batente de madeira. O andarilho ficou pasmo e quase teve um ataque: uma menina tão bonita, tão delicada. A multidão gritava: “é a Mirian do andarilho! Menino seja louvado”. Não era Mirian. Mas ao terminar o sinal da cruz, o andarilho já estava apaixonado.
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